SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A terminar, avaliemos agora o importante episódio do arremesso dos sapatos sobre Bush, pelo até aqui desconhecido repórter de um canal de televisão iraquiano, Muntazer al-Zaidi.
Não obstante a atitude do repórter configurar um violento golpe na imagem mediática do presidente imperialista, imagem que é laboriosa e permanentemente cultivada - e cultuada - pelos grandes meios internacionais de comunicação, o impacto enorme da divulgação em directo por alguns canais televisivos originou uma espantosa onda de difusão, comentários, análises e reflexões por todo o mundo, assegurando práticamente a unanimidade nas peças e páginas da maioria esmagadora de tudo quanto é imprensa, falada, visionada, escrita. Ainda hoje, volvidas quatro semanas sobre o acontecido, prosseguem os editoriais, os artigos de fundo, os comentários, seja em orgãos diários, semanais, mensais ou outros. Em síntese, as ondas de choque que originou, pela sua força e amplitude, continuam a repercurtir-se com uma energia inusitada. As manifestações que vêm ocorrendo nestes dias por todo o globo, de condenação das acções militares sionistas de extermínio, que Israel prossegue contra o povo mártir palestiniano na Faixa de Gaza, em numerosos casos adoptam os sapatos como instrumento político nas mãos de milhares de manifestantes. Se tal não será de estranhar no mundo muçulmano, atente-se nas significativas imagens divulgadas das manifestações que decorreram em Londres e em Nova Iorque, com o chão pejado de sapatos arremessados pelos participantes, numa impressionante identificação e evidente atitude de solidariedade com o gesto de al-Zaidi, em muitos casos com os manifestantes fazendo questão de se identificarem, com etiquetas amarradas ao calçado utilizado no protesto.
Entretanto, quem é este repórter iraquiano, cujo gesto de revolta tantas repercussões políticas está originando? Para além dos episódios que viveu com as forças repressivas dos ocupantes do seu país já referidos, alguns orgãos de imprensa falam que foi membro da Juventude Comunista quando era estudante, outros que é um simpatizante do líder da resistência xiita Moqtad al-Sadr do qual é vizinho no bairro Sadr City, outros ainda que é um membro da resistência sunita, enfim, fervilham as especulações sobre aquele que é hoje considerado um herói, por todas as nações muçulmanas. É sem dúvida um corajoso jovem iraquiano de vinte e nove anos, que terá afirmado ao irmão e ao advogado constituído - entre mais de duas centenas de advogados que imediatamente se ofereceram para tal - que pensava que ia ser alvejado a tiro logo que arremessou o primeiro sapato, e na verdade esse seu pensamento faz todo o sentido. Ainda agora, para lá da ameaça de condenação a oito anos de prisão, decerto corre perigo de vida e só poderá ser salvo pelas acções de solidariedade recebidas de todo o mundo.

Sem comentários: