SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Canción por la unidad latinoamericana

A América Latina está transformada nos últimos anos num grande caldeirão de contraditórias experiências políticas e sociais. Os avanços progressistas conquistados por diversos países, estimulando o combate anti-imperialista dos povos de todo o subcontinente, em defesa das suas independências nacionais e dos seus recursos naturais, de avanços progressistas, não se realizam sem um renhido combate contra as forças reaccionárias das oligarquias, estreitamente ligadas ao imperialismo e deste dependentes.
Observamos processos políticos evolutivos muito diferenciados, uns de carácter acentuadamente revolucionário, outros marcados pelas profundas contradições de classe no seio dos seus nóveis poderes democráticos, outros caracterizadamente reformistas, num instável e arriscado equilíbrio entre alguns avanços sociais e a manutenção do poder económico inteiramente nas mãos do grande capital, outros ainda totalmente subordinados e sob a pata pesada da sujeição aos ditames da diplomacia estadunidense.
Região do mundo durante décadas dominada por ditaduras e regimes dirigidos por caudilhos despóticos, com os seus povos conquistando os avanços à custa de árduos combates, com a perda de muitas vidas ceifadas pela tortura, pela repressão, pelo assassinato de tantos homens, mulheres e jovens devotados às causas dos seus povos, foi pagando um pesado preço pela sua condição de uma região de antigos domínios coloniais.
A partir de 1959, a revolução e a Cuba socialistas, só por existirem provavam todos os dias, todos os meses e anos que "si, se puede!", que um pequeno país, defendendo a sua dignidade, resistindo com coragem e patriotismo, podia sobreviver independente, derrotar as agressões, as manobras e crimes contra-revolucionários dos seus inimigos poderosos, operando avanços políticos, sociais, culturais que até hoje mantêm Cuba como um dos modelos mais avançados de socialização da vida dos trabalhadores e das massas populares, com uma medicina, uma educação, um desporto, que são exemplos a alcançar ainda pela maioria dos países mais desenvolvidos do mundo. Durante o último meio-século, Cuba foi sempre uma estrela brilhante, estimulando a luta dos revolucionários e dos progressistas em toda a América Latina e no mundo inteiro.
O golpe fascista nas Honduras, entre outros fenómenos ameaçadores de retrocesso contra-revolucionário, veio confirmar que nada está garantido ou inscrito no futuro, que os combates de classe e populares, os movimentos patrióticos anti-imperialistas, não podem desarmar um único minuto na sua vigilância e não podem parar em etapas intermédias durante demasiado tempo. Ou se organizam - e reorganizam - as forças e organizações avançadas, de vanguarda, capazes de prosseguir e aprofundar os caminhos das transformações progressistas, orientando-as para a efectiva construção de novas sociedades socialistas, através da mobilização activa e entusiástica dos trabalhadores e dos povos, ou as actividades contra-revolucionárias do capital - afinal o sistema ainda dominante nesses países -, estribadas em poderosos meios de intervenção ideológica, podem vir a impor derrotas às forças populares e, embora historicamente temporários, forçar dolorosos recuos e regressões nos caminhos iniciados.
Entretanto, independentemente da avaliação que façamos a cada um dos processos políticos nacionais em curso, os povos latino-americanos são credores da nossa solidariedade militante, em especial aqueles que, por estarem em estádio mais avançado, são os alvos centrais das ofensivas políticas e militares do imperialismo, à cabeça dos quais estão os povos cubano e venezuelano. Esta solidariedade democrática, progressista, internacionalista, é um dever indeclinável de todos nós, como uma contribuição - embora modesta - em apoio de um desenvolvimento progressista dos processos dialécticos em curso. Tal como é dever nosso o apoio solidário às acções que visam a unidade dos povos latino-americanos contra o imperialismo.
Para um fim-de-semana, vale a pena recordar aqui a letra bonita de uma canção de estímulo à unidade e à luta dos povos latino-americanos, composta por Chico Buarque e por Pablo Milanés, datada do já longínquo ano de 1978 mas cuja idade não esmoreceu o seu conteúdo progressista e fraterno, mantendo-se inteiramente actual a sua mensagem de coragem e de esperança.
Canción por la Unidade Latinoamericana

El nacimiento de un mundo
Se aplazó por un momento
Fue un breve lapso del tiempo
Del universo un segundo

Sin embargo parecia
Que todo se iba a acabar
Con la distancia mortal
Que separó nuestras vidas

Realizavan la labor
De desunir nossas mãos
E fazer com que os irmãos
Se mirassem com temor

Cunado passaron los años
Se acumularam rancores
Se olvidaram os amores
Parecíamos estraños

Que distância tão sofrida
Que mundo tão separado
Jamás se hubiera encontrado
Sin aportar nuevas vidas

E quem garante que a História
É carroça abandonada
Numa beira de estrada
Ou numa estação inglória

A História é um carro alegre
Cheio de um povo contente
Que atropela indiferente
Todo aquele que a negue

É um trem riscando trilhos
Abrindo novos espaços
Acenando muitos braços
Balançando nossos filhos

Lo que brilla con luz propia
Nadie lo puede apagar
Su brillo puede alcanzar
La oscuridad de otras costas

Quem vai impedir que a chama
Saia iluminando o cenário
Saia incendiando o plenário
Saia inventando outra trama

Quem vai evitar que os ventos
Batam portas mal fechadas
Revirem terras mal socadas
E espalhem nossos lamentos

E enfim quem paga o pesar
Do tempo que se gastou
De las vidas que costó
De las que puede costar

Já foi lançada uma estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela

Já foi lançada um estrela
Pra quem souber enxergar
Pra quem quiser alcançar
E andar abraçado nela

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