SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

2013: Ano Novo "Horribilis" ou Ano da Mudança?

 
 

O "regime democrático" português na actualidade, sustentando o 14º. governo de turno dos 36 anos de contra-revolução e de recuperação monopolista e arrastando a sua existência sob a pata do imperialismo colonial europeu acobertado pela máscara de uma falsa "U. E., pode ser caracterizado em síntese como o regime que deixa morrer os velhos sem assistência e condena à fome as crianças filhos e netos de trabalhadores, às mãos de uma máfia política terrorista.
Vendendo a pataco as riquezas e recursos nacionais, os partidos da governação preparam-se neste ano que começa para infligir aos trabalhadores e ao povo a mais brutal experiência nos limites da sobrevivência desde os tempos do fascismo, hoje transmutado num regime neofascista disfarçado de "estado de direito democrático", condenando à pobreza, à fome e à miséria milhões de portugueses. Se os planos do actual poder político forem consumados, não restará pedra sobre pedra do edifício económico e social começado a construir nos anos longínquos de 1974/75, condenando Portugal à mais indigente e colonizada existência da sua História recente. Serão destruídos o Serviço Nacional de Saúde, o Ensino Público, a Segurança Social, os sobreviventes Direitos do Trabalho, a par da liquidação do que resta da Justiça, da Cultura, do Poder Local Autárquico, da Fiscalidade, da Ciência, da Indústria, da Agricultura, das Pescas, da Floresta, das Minas, do Comércio, da Energia.
Serão alvos centrais da acção destrutiva deste governo as Liberdades Políticas e Sindicais, a Informação, o Associativismo, a Emigração, o Cooperativismo, o Ambiente, e todas as componentes de um Estado democrático estarão sob a sua mira e previamente condenadas a um abate sumário e sem contemplações.
O saque financeiro contra os rendimentos do trabalho e as pensões e a concomitante elevação dos défices público e privado, a par do afundamento da economia na recessão profunda, conduzirá o país ao desastre. Antecipando-se ao previsível ascenso das lutas operárias e populares, o governo reforçará os aparelhos repressivos e intensificará as actividades provocatórias.
 
De facto, um Bom Ano Novo - o voto usualmente trocado por estes dias - só o será pela luta e se a luta determinar a ruptura há muito apontada pelos comunistas portugueses.  A ruptura do Povo com as duas troikas que o desgraçam, a externa - FMI, BCE, CE - e a interna - PS, PSD, CDS, é o único caminho que poderá assegurar uma viragem de rumo para Portugal, uma mudança de cunho popular, democrática, patriótica, finalmente ao serviço dos trabalhadores e de outras classes e camadas sociais produtivas.
O engodo de novas eleições antecipadas tem que ser desmascarado, como solução de continuidade de um regime corrupto e apodrecido que visará a perpetuação da alternância no poder dos partidos do "arco da governação", assegurando ao grande capital a sua sobrevivência como classe dominante. A solução para terminar com as brutais e desumanas políticas que agridem profundamente os direitos e os interesses do povo português não será de índole institucional - a via institucional há muito está bloqueada. Aos trabalhadores e ao povo já só se apresenta uma via de solução, a da resistência insurreccional, mais ou menos pacífica, mais ou menos violenta, tal dependerá da relação de forças a estabelecer através da luta determinada e sem hesitações das massas trabalhadoras e populares, repelindo os cantos de sereia de todos quantos integram, por interesses de classe ou por acomodação oportunista, o campo político e ideológico deste regime. Acreditando no rumo revolucionário das suas lutas e na sua força transformadora, os explorados, os humilhados, os ofendidos, os democratas e patriotas, se unidos e resolutos, acabarão por vencer. Dificilmente 2013 será um Ano Novo. Mas poderá ser um Ano de Mudança, de viragem, de um novo começo, tendo por guia os velhos/novos valores de Abril. 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Os "Países de Programa"


Esta é a mais novel designação utilizada pelos mandantes da U.E. e do FMI e repetida pelos seus paus-mandados portugueses, para nomearem os países-protectorados/colónias que os primeiros subjugam e espoliam. Descontemos a imprecisão do termo "Países de Programa", pois no contexto em que o utilizam seria mais apropriado chamar-lhes "Estados de Programa".
Trata-se, afinal, dos mesmos países que há algum tempo atrás já foram designados pelo sintomático e ofensivo nome de PIIGS - Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. (*)
 
No Brasil - país no qual vivem 200 milhões de seres que connosco partilham o Português, não o esqueçamos - usa-se uma expressão próxima e que aqui nos surge com uma surpreendente e acertada semelhança. Trata-se da designação "garota de programa" que no outro lado do nosso Atlântico significa prostituta. E a associação de ideias é imediata e óbvia. Num caso como no outro, trata-se da mesma questão, sejam pessoas ou sejam os países: prostituição.

Na realidade, falarmos destes países do sul da Europa, submetidos às ordens do governo alemão no quadro desta "União" Europeia, é o mesmo que falarmos de países prostituídos - ou melhor, e mais adequadamente, equivale a falarmos de Estados prostituídos.
E falando só daquilo que a nós directamente nos respeita, a vergonhosa sucessão de episódios protagonizados pelos membros do governo português no seu relacionamento com a dupla Merkel/Hollande - a dupla colonialista que, a meias com o braço político-financeiro dos EUA que dá pelo nome de FMI, os dirige como marionetas -, é uma sequência fílmica indecorosa muito elucidativa dessa condição de autênticos lacaios que caracteriza os governantes portugueses, do seu posicionamento aviltante que envergonha todos os portugueses que não os repudiarem.

Quem não se lembra da atitude subserviente de Victor Gaspar, surpreendido pelas câmaras de televisão escutando as ordens do ministro das finanças alemão, em caninas e rendidas genuflexões? Que dizermos das sucessivas idas de Passos Coelho às reuniões da Comissão Europeia, entrando mudo e saindo calado? Que outra leitura política (e moral!) deveremos fazer das vergonhosas cambalhotas de um e de outro esta semana, dando o dito por não dito para falarem a voz do dono e acatarem as insultuosas directrizes do presidente do chamado Eurogrupo e do ministro alemão da mesma pasta quando estes, perante a nova "renegociação" das formas de pagamento da dívida (dita pública) grega, os mandaram meter a viola no saco quanto a um hipotético pedido de condições iguais para Portugal, afinal as mesmas que agora aplicaram à Grécia?!
 
"Em Portugal, a economia voltou a contrair no terceiro trimestre deste ano, pelo oitavo trimestre consecutivo, com o PIB a cair 0,8% em relação aos três meses anteriores e a recuar 3,4% face ao período homólogo, tal como já havia divulgado o Instituto Nacional de Estatística" (dos jornais).
 
As consequências económicas, sociais e culturais, deste deboche contra a soberania nacional, são cada dia mais brutais. Portugal está completamente prostituído, pela mão da quadrilha política mafiosa que tomou conta do poder do Estado. E a Assembleia da República está transformada num verdadeiro prostíbulo, com a sua enorme maioria de deputados vendidos ao grande capital.
 
Sem base social de apoio, roído por crescentes contradições, sem ninguém que se erga para defender a sua sobrevivência - excepção feita ao PS de Seguro - este governo, já mergulhado nos estertores da sua agonia, sobrevive ainda porque os seus patrões querem explorar esta solução de governo até ao limite insuportável da pauperização do Povo. Mas ele cairá, acabará por cair quando a luta dos trabalhadores e de todos os espoliados o impuser.

Já se sabe que se o plano B do grande capital for posto em marcha, virá uma "solução institucional", o governo cairá pela dissolução da AR, talvez com recurso a uma qualquer rábula do TC, neste caso chamado a servir de capa aos prostitutos de turno no poder, declarando inconstitucional(ais) algum(uns) aspecto(s) do OE aprovado pelos deputados de arreata e encenando uma "crise política" que dê suporte a uma telecomandada reacção de um PR inanimado, ele mesmo peça do mesmo "complot" anti-democrático e anti-patriótico.
Assistiremos assim a mais uma "representação" da esfarrapada peça do "funcionamento das instituições democráticas", já encenada várias vezes nos últimos 36 anos, com a convocação de umas eleições antecipadas e montadas para que o resultado - mais que previsível - seja a criação de uma nova(?!) maioria de alterne, agora do PS, no nosso "Bataclã" parlamentar!

O BE, social-democrata e europeísta dos quatro costados (melhor, de dois costados) já está a salivar perante a perspectiva de poder vir a abocanhar alguns restos do festim do poder, se tal for necessário à "estabilidade" do sistema... Talvez se engane e a saída venha a ser um governo do "arco governativo", às claras ou no escuro de uma abstenção "patriótica" do PSD. Sem esquecer que o CDS sempre pode ser o calço "limiano" dessa solução "socialista"!...

Mas há um outro caminho.
Haverá sempre outro caminho, para assegurar a libertação do nosso país das garras da facção imperialista europeia e garantir a salvação para Portugal e para os portugueses. Um caminho que nos liberte desta situação de um país e um povo prostituídos. Um outro caminho capaz de trocar as voltas a estes traidores e aos seus arranjos políticos espúrios. Um caminho construído e partilhado por todos os trabalhadores, por todos os reformados, por todas as classes, camadas e segmentos sociais cujos interesses vitais os opõem aos banqueiros e aos monopolistas oligárquicos, o caminho mais justo para todos quantos se sentem espoliados das suas liberdades dos seus direitos democráticos constitucionais.

Um caminho novo para todos quantos se sentem humilhados e ofendidos na sua dignidade de portugueses sérios e honestos. O caminho de e para a imensa maioria do povo português. E este caminho é o caminho da luta pela construção de um movimento e levantamento nacionais que varra da terra portuguesa os "políticos de programa" que vêm desgraçando o país há décadas!

Todos os que nos meios de comunicação dominantes papagueiam a voz dos seus donos, vomitam diariamente que Portugal não é igual à Grécia, à Irlanda, à Itália ou à Espanha. Com isso, dizem uma obviedade do tamanho de um comboio, pois não há países iguais. Mas é exacta e rigorosamente igual o "programa" que o grande capital globalizado está a aplicar metodicamente a todos estes países, visando sangrá-los de todas as suas riquezas e tornar insignificante o valor dos seus factores trabalho, com o propósito de transladar para o Sul europeu os níveis inumanos de exploração e de saque que já aplicam noutros continentes!

Derrotar os seus criminosos objectivos e escorraçar os lacaios domésticos que os servem, é o caminho verdadeiramente democrático e patriótico que a todos nós nos está colocado. Um caminho que desafia a nossa determinação, a nossa coragem e a nossa capacidade para construirmos as pontes sociais e as alianças políticas necessárias. Lutando "nas empresas e nas ruas" e dizendo um claro e firme "Não!" a todos aqueles que, aquém e além-fronteiras, nos querem manhosamente perpetuar como um Estado e um "País de Programa"! 
Parafraseando o Nobel português de Literatura, "a puta que os pariu a todos!"

(*) Nota: Tema já aqui tratado anteriormente (http://oassaltoaoceu.blogspot.pt/2010/02/piigs-uma-designacao-ofensiva-e.html)