SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Parágrafos sempre didácticos

                                                      
                                                        1
 
Se o capitalismo pudesse ajustar a produção não para a obtenção do lucro máximo, mas para a melhoria sistemática da situação material das massas populares, se pudesse dirigir o lucro não para a satisfação dos caprichos das classes parasitárias, não para o aperfeiçoamento dos métodos de exploração, não para a exportação de capitais, mas para a elevação sistemática da situação material dos operários e camponeses, então não haveria crises. Mas então também o capitalismo não seria capitalismo.
Para eliminar as crises é preciso eliminar o capitalismo.

                                                      2

O capitalismo de hoje, ao contrário do velho capitalismo, é um capitalismo monopolista, e isto predetermina a inevitabilidade da luta das uniões capitalistas pela manutenção dos altos preços monopolistas das mercadorias, apesar da sobreprodução. Naturalmente que esta circunstância, que torna a crise particularmente dolorosa e devastadora para as massas populares, que são os principais consumidores de mercadorias, não pode deixar de conduzir ao prolongamento da crise, não pode deixar de entravar a sua superação.
Para não se distanciarem uns dos outros, todos os capitalistas, de uma forma ou de outra, precisam de enveredar pela via do desenvolvimento frenético das capacidades produtivas. Mas o mercado interno e externo, o poder de compra das massas de milhões de operários e camponeses, permanece num nível baixo. Daí as crises de sobreprodução. Daí os resultados conhecidos que se repetem com maior ou menor periodicidade, por força dos quais as mercadorias ficam por vender, a produção diminui, o desemprego aumenta, os salários são reduzidos, e, dessa forma, agudiza-se ainda mais a contradição entre o nível da produção e o nível do poder de compra solvente. A crise de sobreprodução é uma manifestação tempestuosa e destruidora desta contradição.

                                                     3

É preciso reconhecer que os economistas burgueses revelaram a sua total falência ante a crise. Mais que isso, revelaram-se até desprovidos daquele mínimo sentido da vida, o qual nem sempre se pôde negar aos seus predecessores. Esses senhores esquecem que as crises não podem ser vistas como fenómenos acidentais no sistema de economia capitalista. Esses senhores esquecem que as crises nasceram juntamente com o surgimento do domínio do capitalismo. Ao longo de mais de cem anos repetiram-se em intervalos de 12-10-8 anos e inferiores. Neste período os governos burgueses de todas as procedências e cores, políticos burgueses de todos os títulos e capacidades – todos sem excepção tentaram pôr à prova as suas forças em matéria da «prevenção» e «eliminação» das crises. Mas todos foram derrotados.


 
 
 
 
 


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Testemunho/Vacina

Na aproximação da viragem do ano, em dias de quadra propícia às reflexões mais diversas, sobretudo de balanços sobre os passos da caminhada de cada um pelas estradas da vida, li um bonito e estimulante testemunho de uma comunista que aqui deixo à vossa consideração, para partilha com outros comunistas.
Trata-se de um testemunho pessoal, mas simultaneamente assume uma outra qualidade. Em tempos de exacerbação do anticomunismo, designadamente em Portugal e na Europa, activado tanto pelos neoliberais neofascistas como por sociais-democratas, socialistas, trabalhistas, todos já enfileirados para comerem no "prato de lentilhas", este testemunho pessoal adquire uma nova qualidade - a de vacina. Vacina contra este vírus que corrói as mentes e as enfraquece perante a violenta ofensiva ideológica dos representantes e instrumentos políticos do capital, socavando a força e a determinação dos democratas em geral e dos comunistas em particular - estes, o seu alvo prioritário - fazendo-os recuar, temer perante o futuro, desacreditar nas imensas e inesgotáveis energias transformadoras e revolucionárias existentes na classe operária e no seio do povo.

"Há completos trinta anos algo em minha vida mudou. Esta mudança era insuspeita para aquela menina de dezoito anos iniciando uma vida independente, cheia de sonhos e receios.
Foi em 1984 que, somado ao descortinar de um mundo muito maior do que o experimentado até então, entrou em minha vida algo que a transformou sem volta.
Nestes anos muitas dificuldades, dúvidas e questionamentos, nada menos que permanentes, sobre o caminho pessoal e coletivo e também algumas perdas -- sacrifícios de inocência.
No entanto, para além das vitórias e contentamentos que esta vida também traz, sempre que consulto meu peito lá encontro a mesma alegria, o mesmo entusiasmo, a mesma convicção.
Pois é, há trinta anos encontrei forma de satisfazer a intrínseca necessidade humana de transcender, fazer da minha existência algo para além de si própria e dela me alimento cada dia de forma mais madura, sabendo que sempre haverá ainda tanto por fazer, tanto ainda por aprender.
São anos que tenho a agradecer a tantos companheiros, deste e de outro país, -- tantos que vieram antes, todos os que virão depois, porque estou convicta que partilhar é a única e verdadeira forma de ser uno.
No ano em que o povo brasileiro deu voz ao sonho de liberdade eu, depois de meses de debates (muitas vezes acalorados), leituras, participação em lutas históricas, decidi abraçar o Marxismo-leninismo e ingressar nas fileiras do Partido Comunista do Brasil. Anos mais tarde também no Partido Comunista Português, onde pude aprender tanto e, principalmente, reaprender coisas essenciais.
Tornei-me comunista, e isto tem para mim um significado imperecível. Desde então encontrei esta forma de exercer um intenso amor, não importa o quão dura e desigual seja a luta. Desde então sinto-me mais um daqueles que são os portadores do amanhecer de um mundo novo, justo e comum.
Obrigada a todos os meus camaradas, com quem tanto aprendi e ainda aprendo.
Em 2015, e em todos os anos que virão, estou certa, um pedaço a mais do sonho humano de felicidade virá da nossa luta."
 
Aos comunistas e aos revolucionários, esperam-nos sempre tempos novos e um caminho eriçado de escolhos e obstáculos poderosos. No combate, temos que permanecer firmes no posto que cada um de nós ocupa, neste lado da trincheira que combate pela plena libertação de todos os humanos das grilhetas do capitalismo.
Rechaçando os ataques do inimigo de classe, temos o dever de desmascarar as suas manobras e cantos de sereia, afirmando os nossos propósitos e o nosso ideal com sereno orgulho, expondo aos outros trabalhadores a meta e o caminho do Socialismo e ajudando-os cada dia, persistentemente e sem desânimo, a elevarem a sua consciência de classe e a transformarem-se em novos militantes pela causa imorredoura do Comunismo. 
Naturalmente, sempre convictos e focados numa verdade simples mas que por vezes fica esquecida: a principal e decisiva tarefa dos revolucionários é, obviamente, fazer a revolução! 
 
 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Terra Pátria Serás Nossa!


MÃE POBRE
(Carlos de Oliveira)

Terra Pátria serás nossa,
mais este sol que te cobre,
serás nossa,
mãe pobre de gente pobre.

O vento da nossa fúria
queime as searas roubadas;
e na noite dos ladrões
haja frio, morte e espadas.

Terra Pátria serás nossa
mais os vinhedos e os milhos,
serás nossa,
mãe que não esquece os filhos.

Com morte, espadas e frio,
se a vida te não remir,
faremos da nossa carne
as searas do porvir.

Terra Pátria serás nossa,
livre e descoberta enfim,
serás nossa,
ou este sangue o teu fim.

E se a loucura da sorte
assim nos quiser perder,
abre os teus braços de morte
e deixa-nos aquecer.