SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

É Impagável, estúpido!

 
 
Vem este título a propósito de uns números divulgados por Carlos Pernes, no "D.N." de 16-12-2013. Segundo o articulista, em Portugal e em 2012, como consequência de décadas de desmandos económicos e financeiros dos vários governos dos partidos do "arco da governação" - verdadeiramente, da "governança"! -, o endividamento do país aos agiotas da banca global já era de 124% do PIB e o défice das contas públicas de 6,4%. 
Dois anos depois, pela mão desta mafiosa coligação PSD/CDS, já está nos 131% enquanto que o défice continua acima dos 5%. Para o autor, puro exercício académico e muito "bem intencionado", para se reduzir a dívida pública para 80% e o défice para 3%, sem novos empréstimos e admitindo que se interrompia esta actual estratégia de saque da "troika" ocupante, caninamente aplicada pela "troika" interna (PS, PSD, CDS), seria preciso garantir nos próximos dez anos um crescimento do PIB de 54,5%, isto é, crescer a uma média anual de 5,45%!
Ainda segundo o artigo citado, entre 1999 e 2012, Portugal pagou de juros da dívida 65.716,8 milhões de euros. Neste período de 13 anos, os défices acumulados do Estado foram de 112 mil milhões e a dívida pública passou de 58 mil milhões para 205 mil milhões de euros (quanto mais se paga mais se deve!...). Claro que este colossal desvio, resultado do assassinato económico a que a UE e o euro condenaram o país, também resulta das rendas financeiras pagas pelo erário público nas PPP's, nos contratos Swaps e na  venda a retalho de tudo quanto seja ainda rentável e propriedade pública, através de ruinosas privatizações.
                                                      
Em conclusão, a chamada dívida soberana portuguesa é total e definitivamente impagável. Sobre aqueles que o negam, escondem, não o gritam alto e bom som, justifica-se que deles afirmemos, contra o aforismo popular:

O pior cego não é aquele que não quer ver, mas sim aquele que finge que não vê.

Chamarmos-lhes estúpidos seria uma atitude de grande e errada "caridade" política. O nome correcto é outro: são os nossos sociais-oportunistas, gente "de esquerda" sempre pronta a justificar a injustificável aceitação da dívida, comprometidos com a manutenção do "status quo", iludindo o fundo dos problemas e prestando-se ao vil papel de grilos falantes, falando muito da doença e muito pouco ou nada da verdadeira cura.