SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Álvaro Cunhal (10 Novembro 1913 - 13 Junho 2005)


(...) A estrutura socioeconómica do capitalismo monopolista é a determinante da exploração dos trabalhadores e da maioria esmagadora da população, da degradação da situação social, da ausência de uma política cultural democrática, da limitação às liberdades e direitos dos cidadãos e das medidas de violenta repressão. No tempo do fascismo como actualmente.

Negar, ocultar, ignorar ou omitir esta realidade objectiva da economia capitalista é criar fortes ilusões e deixar terreno mais livre à consolidação e mesmo institucionalização em termos constitucionais do poder económico e político efectivo do capital financeiro, dos grandes grupos económicos, das transnacionais.

A actual restauração do capitalismo monopolista e do poder dos monopólios (uma vez mais associados em posição de subalternidade ao capital estrangeiro) e dos latifundiários não encerra porém a história. O futuro de Portugal democrático e independente exigirá que tal estrutura não se solidifique, sofra limitações, seja combatida e seja finalmente superada e substituída.(...)

(Trechos do prefácio de Álvaro Cunhal para o I volume da edição dos materiais do IV Congresso do PCP,  da parte intitulada "A estrutura socioeconómica determinante da política do poder",  publicados em "O Militante", Nº 283 - Jul/Ago 2006.)


sábado, 21 de janeiro de 2017

Para os marxistas-leninistas, 93 anos depois, continua uma efeméride dolorosa.








No dia 21 de Janeiro, há 93 anos, morreu Lenine. Tinham decorrido escassos seis anos após a Revolução de Outubro de 1917, a sua mais brilhante realização como o principal dirigente do Partido Comunista, o Partido de Novo Tipo criado com o seu enorme e inapagável contributo ideológico, político e organizativo.

Transcreve-se o primeiro trecho das Recordações de Máximo Gorki, publicadas pela primeira vez em 1924, sob o significativo título "O Homem".

"Vladimir Lénine está morto.
Mesmo entre as hostes dos seus inimigos, alguns o reconhecem lealmente: na pessoa de Lénine, o mundo perdeu o homem “que entre todos os grandes homens seus contemporâneos, era a mais viva encarnação do génio”. 
o jornal burguês alemão Prager Tageblatt, publicou sobre Lénine um artigo impregnado de uma admiração respeitosa diante dessa figura colossal, que terminava assim: 
“Na própria morte Lénine parecia grande, inacessível e terrível». 
Vê-se pelo tom do artigo que ele não é inspirado por esse prazer fisiológico expresso cinicamente neste aforismo: “o cadáver de um inimigo cheira sempre bem”, nem pela alegria que as pessoas sentem quando um grande homem turbulento os deixa – não, o orgulho do homem pelo homem ressoa altivamente nesse artigo. 
A imprensa dos emigrados russos não encontrou em si nem a força nem o tato para falar da morte de Lénine com o respeito que demonstraram os jornais burgueses nos seus julgamentos acerca de um dos maiores representantes da vontade de vida e da intrepidez da razão. 
É difícil traçar-lhe o retrato. Lénine, exteriormente, era todo palavras como o peixe é, exteriormente, todo de escamas. Era simples e reto como tudo aquilo que dizia. 
O seu heroísmo era quase totalmente desprovido de brilho aparente; era feito dessa abnegação modesta, ascética, frequente no honesto intelectual-revolucionário na Rússia, que tem uma fé inquebrantável na possibilidade da justiça social sobre a terra; o heroísmo do homem que renunciou a todas as alegrias do mundo para trabalhar duramente a favor da humanidade (...)".

A versão integral destas Recordações, publicadas em duas partes e cuja leitura vivamente se recomenda, está publicada aqui:
http://www.aaweb.org/pelosocialismo/index.php?option=com_booklibrary&task=view&id=1099&catid=48&Itemid=17