SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Marxismo e Reformismo



150 anos a caminhar ao nosso lado

Os marxistas, diferentemente dos anarquistas, reconhecem a luta por reformas, isto é, por melhorias na situação dos trabalhadores que deixam como antes o poder nas mãos da classe dominante. Mas, ao mesmo tempo, os marxistas travam a luta mais enérgica contra os reformistas, que directa ou indirectamente limitam as aspirações e a actividade da classe operária às reformas. O reformismo é um logro burguês dos operários, que permanecerão sempre escravos assalariados, apesar de determinadas melhorias, enquanto existir a dominação do capital.

A burguesia liberal, dando reformas com uma das mãos, retira-as sempre com a outra, redu-las a nada, utiliza-as para subjugar os operários, para os dividir em diversos grupos, para perpetuar a escravidão assalariada dos trabalhadores. Por isso o reformismo, mesmo quando é inteiramente sincero, transforma-se de facto num instrumento de corrupção burguesa e enfraquecimento dos operários. A experiência de todos os países mostra que, confiando nos reformistas, os operários foram sempre enganados.

Pelo contrário, se os operários assimilaram a doutrina de Marx, isto é, tomaram consciência da inevitabilidade da escravidão assalariada enquanto se conservar a dominação do capital, então não se deixarão enganar por nenhumas reformas burguesas. Compreendendo que, conservando-se o capitalismo, as reformas não podem ser nem sólidas nem sérias, os operários lutam por melhorias e utilizam as melhorias para continuarem uma luta mais tenaz contra a escravidão assalariada. Os reformistas procuram dividir e enganar os operários com esmolas, afastá-los da sua luta de classe. Os operários, conscientes da falsidade do reformismo, utilizam as reformas para desenvolver e alargar a sua luta de classe.

Quanto mais forte é a influência dos reformistas sobre os operários tanto mais fracos são os operários, tanto mais dependentes da burguesia, tanto mais fácil é para a burguesia reduzir as reformas a nada por meio de diversos subterfúgios. Quanto mais independente e profundo, quanto mais amplo pelos seus objectivos for o movimento operário, quanto mais livre ele for da estreiteza do reformismo, tanto melhor os operários conseguirão consolidar e utilizar as melhorias isoladas.

Existem reformistas em todos os países, pois por toda a parte a burguesia procura de um modo ou de outro corromper os operários e fazer deles escravos satisfeitos, que renunciem à ideia de suprimir a escravidão. Na Rússia os reformistas são os liquidacionistas, que renunciam ao nosso passado para adormecer os operários com sonhos acerca de um partido novo, aberto, legal.

(Marxismo e Reformismo, V.I.Lénine, 12 de Setembro de 1913)



sábado, 21 de março de 2020

SOBRE A NUDEZ FORTE DA VERDADE, O MANTO DIÁFANO DA FANTASIA (Eça, A Relíquia)



A realidade dos factos aí está, arrasando as ilusões sobre a patranha do "estamos todos unidos e solidários" e as sensibilidades partilhadas. Cortes arbitrários nos salários, férias forçadas, despedimentos, falsos lay-of`s, intimidações e sobre-exploração, repressão, despejos selvagens, ausência de apoios sociais aos mais necessitados quando preparam a entrega de milhares de milhões aos patrões, a par da supressão de direitos laborais e liberdades políticas, eis alguns exemplos do novíssimo quadro social e político que está a ser imposto aos trabalhadores por este "estado de direito democrático" quando nos disseram que nos iriam apoiar e salvar da pandemia do coronavirus, decretando o estado de emergência.
Pura fantasia. Este estado de emergência pouco ou nada vem acrescentar no combate contra a pandemia nem foi congeminado pelo PR e pelo governo para tal! As faltas no SNS, de máscaras, de camas nos hospitais, de urgentes equipamentos médicos, de kit`s de detecção da doença, e a inoperância do governo ao não mobilizar todos os recursos e meios que tem legalmente à sua disposição, não beliscando sequer os hospitais e clínicas privadas, são factos reveladores de que esta lei não está ao serviço do combate à pandemia. Encenando discordâncias e entrando com pézinhos de lã, presidente e 1º ministro, agentes e conhecedores da desgraça que vão descarregar sobre os trabalhadores e o povo, quiseram salvaguardar-se e defender por antecipação o capital para que, quando forem confrontados com as indispensáveis lutas que tais medidas reacenderão, alegarem um quadro legal que lhes proporcione mais meios de repressão E estas lutas são o seu maior pavor, lutas generalizadas, radicalizadas pelo desespero daqueles que se vão ver sem salário, despedidos, sem apoios sociais, sem saúde, com novos roubos nas reformas, abandonados e aos seus por um Estado que se dizia seu representante e defensor e que os irá tratar a cacete e talvez até a tiro!
Não são necessários quaisquer dotes adivinhatórios para anteciparmos o que aí vem. Agora sim, estamos a viver já uma verdadeira nova fase da vida política dos portugueses, no quadro global de uma nova "crise" engendrada pelo capitalismo na sua última fase imperialista e o extremar inevitável da luta de classes, com novos e duros confrontos entre o Trabalho e o Capital. A pandemia da doença covid19, com o seu trágico cortejo de sofrimento humano e mortes, usada como falso pretexto desnuda com brutalidade o desprezo das actuais "democracias" do social-liberalismo burguês pelos seus povos, privilegiando os "direitos" da minoria burguesa em detrimento dos direitos da imensa maioria de quem trabalha ou trabalhou, sacrificando o bem-estar e a vida de milhares/milhões. As contradições vão agudizar-se e estoirar, com muitas máscaras a cair da cara dos que escolhem o lado contrário da barricada, com os seus posicionamentos de conciliadores e serventuários do capitalismo. Nos tempos que estão a chegar, a via dos "nim`s" vai estreitar-se, fazendo desabar os biombos atrás dos quais se escondem os falsos socialistas, os lacaios da UE e do Imperialismo, os mascarados de democratas e patriotas. Do lado dos revolucionários e dos verdadeiros democratas, urge informar, esclarecer com verdade o que se joga nos tempos actuais, preparando e mobilizando os trabalhadores para lutarem com firmeza e muita coragem pelos seus direitos e interesses de classe. Nesta luta, chegará o dia no qual as palavras do querido general do povo soarão com redobrada clareza e força junto dos explorados - Ou se está com a Revolução, ou se está com a Reação!