SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A situação actual de crise mundial do neoliberalismo, com profundas repercussões na economia capitalista, atinge a generalidade dos países capitalistas mais ou menos desenvolvidos e assume contornos políticos muito semelhantes. De facto, a pretexto da "crise", a palavra de ordem de todos os governos resume-se nisto: drenar as maiores quantidades de dinheiro à disposição dos estados que lhes seja possível e entregá-lo de bandeja aos bancos e suas multinacionais associadas. Também aqui esta crise está a revelar-se de contornos novos; nunca antes, em tão curto espaço de tempo, se processou uma tão brutal acumulação capitalista, desta feita à custa directamente dos recursos financeiros dos próprios estados. Já aqui se deu nota, num texto anterior, que estimativas divulgadas na imprensa apontam para montantes astronómicos, da ordem dos 30 trilhões de dólares, que totalizariam essas acções de pseudo-"reforços de liquidez". Nos states de Bush/Obama, já aprovados para entrega mais de 800.000 milhões; na Alemanha, 65.000 milhões de euros; na Grã-Bretanha, mais de 50.000 milhões: verba semelhante, na Espanha; em Portugal, 24.000 milhões de euros. Os exemplos poderiam seguir-se por dezenas mais. A par destas "entregas", os estados "nacionalizam" bancos falidos, concedem benefícios fiscais, financiam grandes grupos económicos, enfim, aumentam assustadoramente os seus défices e dívidas públicas e com isso comprometem ou inviabilizam no curto prazo o cumprimento dos seus encargos com políticas sociais, arriscam a própria bancarrota dos países.
Nas últimas semanas, recrudesceram as lutas de massas em numerosos países, não obstante divisões nos movimentos sindicais respectivos e, nalguns casos, ausência de intervenção activa de partidos que se afirmam marxistas. Grécia - um exemplo de combatividade! -, Islândia, Letónia, Lituânia, Bulgária, hoje mesmo a França - uma greve geral, com grandes manifestações - para só mencionar países europeus, exemplificam a crescente agitação e mobilização entre os trabalhadores, em luta contra os propósitos do capital de intensificar a sobre-exploração.
No presente quadro capitalista global, são na verdade enormes as responsabilidades que assumem os Movimentos Operários nacionais e os Partidos Comunistas. É tempo de agir, é tempo de mobilizar o fundamental das energias para a luta de massas, intervindo para barrar o caminho à ofensiva de um auto-intitulado "novo capitalismo" que utiliza os mesmíssimos estratagemas ideológicos e políticos do "velho" capitalismo. A FSM tem marcada para 1 de Abril uma acção de convergência das centrais sindicais filiadas, à qual a CGTP - não-filiada - já decidiu acertadamente aderir. Por mim, considero este calendário revelador das sequelas e retrocessos que o Movimento Sindical Mundial de classe sofreu. A envergadura da ofensiva do capitalismo exige maior celeridade na resposta, a par de uma vigorosa denúncia dos seus propósitos e de consignas unificadoras, exigindo e lutando contra a entrega de um único cêntimo dos orçamentos nacionais aos banqueiros. Afinal, lutando contra a "entrega do ouro ao bandido", pela mão de governos membros da quadrilha.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Segundo dados coligidos recentemente pelo camarada Eugénio Rosa - saudemos a sua determinação, no objectivo de nos proporcionar dados económico-financeiros tão úteis - o governo, "sob o manto diáfano" da mentira/versus a crise mundial do capitalismo, concedeu até agora aos banqueiros a redonda soma de 24.000 milhões de euros, retirados ao erário público, isto é, aos bolsos dos portugueses. Estabelecendo um escandaloso contraste, o estudo de ER informa-nos também que o total de verbas estabelecido para 2009 no PIDDAC (Plano de Investimentos e Despesas da Administração Central) se fica pelos 4.641 milhões de euros.(1)
Significam estes números que este governo - na esteira de todos os anteriores desde 1976 - é um unhas de fome para gastos com tudo o que seja do interesse colectivo de todo o povo, tornando-se um mãos rotas generoso quando se trata de entregar os recursos do Estado aos piores sugadores da riqueza criada pelas classes populares. Por outras palavras, todo o investimento público - infra-estruturas, transportes e acessibilidades, hospitais e centros de saúde, escolas, correios, finanças, postos de polícia, etc - durante um ano, não chega a ser um mísero 1/5 da verba que, do dia para a noite, este governo entregou de bandeja aos grandes especuladores burgueses, àqueles mesmos que, como assinalamos no texto anterior, só nos primeiros nove meses de 2008 (e unicamente os cinco maiores) lucraram mais de 1.500 milhões de euros! Coitados, tão castigados que eles são pela "crise"...
O partido revolucionário, tal como o movimento operário neste caso, a par da análise e divulgação dos dados da realidade, têm o dever político de adequar esses dados objectivos do real à sua actividade mobilizadora para a acção, transformando a situação objectiva em instrumentos subjectivos com capacidades agitadoras e mobilizadoras. Por exemplo, o mais simples: Aplicados no interesse do país e das populações, o que seria possível construir e realizar com 24.000 milhões de euros? Quantas novas escolas (incluindo universitárias, tão gritantemente necessárias)? Quantos novos centros de saúde, maternidades, hospitais, creches, centros de terceira idade? Quantas novas ligações rodoviárias de qualidade, entre as auto-estradas e os centros populacionais? Quantos novos trechos de linhas férreas e de metropolitano? Quantos novos centros públicos de atendimento e apoio às populações? O trabalho de cálculos a fazermos para termos as respostas, seria largamente compensado pela força transformadora que a sua utilização permitiria.
Em síntese: tão necessário, indispensável, insubstituível é o estudo da situação objectiva como o é a sua transformação em expressões operativas, em proposições transformadoras do real, em linhas de acção política de classe que finalmente justifiquem a actividade de análise e pesquisa do real.
Recusando darmos este passo subsequente, ficariamos amarrados à visão tecnocrática, estreitamente "descritivista", que frequentemente tem como consequência induzir ideias e posicionamentos de "pragmatismo", de "realismo" oportunista, ideias e atitudes que são castradoras da iniciativa e actividade dos comunistas e dos trabalhadores que, cada vez mais, necessitamos que contenham sempre o germe da transformação revolucionária.
(1) Nota: Esta verba é inferior à do PIDDAC/2005, ano em que totalizou 6.724 milhões de euros.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Começo por transcrever um trecho da intervenção de Jerónimo de Sousa, Sec.-geral do PCP, em comício realizado dois dias atrás:

"(...) Por um lado, são os grandes senhores do dinheiro, com a conivência do governo em nome da crise e à sua sombra, a forçar e concretizar a transferência dos recursos do país para salvaguardar os seus interesses particulares e cobrir com os dinheiros públicos os seus negócios especulativos, as suas obscuras negociatas e garantir e reforçar o seu património. Num país onde se negam a muitos portugueses os mais elementares direitos sociais, se deixam degradar os serviços públicos essenciais para garantir o bem-estar das populações, se justificam os atrasos e a falta de resposta aos problemas das populações com o sempre estafado argumento da escassez de recursos financeiros, nunca faltam os milhões para aqueles que são co-responsáveis pela crise e que nos últimos anos encheram os seus cofres à custa da acentuação da exploração de quem trabalha e da economia portuguesa em geral. Não faltam milhões nos apoios e não faltam os milhões nos lucros, apesar da choramingueira que por aí anda destes senhores. Só durante os nove primeiros meses do ano de 2008, os lucros dos 9 principais grupos económicos foram superiores a 4000 milhões de euros e, entre esses grupos, estão os 5 principais bancos que alcançaram mais de 1500 milhões de euros de lucros. Escandalosamente tudo feito em nome do interesse geral e para bem de todos, porque a crise, como sempre desejam, é para os mesmos do costume pagarem, com a degradação das suas condições de vida e de trabalho.(...)".

São palavras certeiras, para a caracterização do quadro actual, adequadamente apoiadas em dados numéricos, que espelham bem a dimensão da sobreexploração em curso em Portugal, hoje com salários dos mais baixos da UE/25 e preços dos mais altos. Entretanto, insaciável, o capital exige mais, e, com o seu governo de serviço, obtem o que quer.
Como chegamos a esta situação, não obstante termos a Constituição mais progressista da Europa, após termos realizado uma revolução democrática, que chega a definir o socialismo como sua meta? A par de estudos, igualmente valiosos, que autores estrangeiros e nacionais vêm realizando sobre o destino de outras revoluções - entre as quais a soviética de 1917 - este estudo histórico da Revolução Portuguesa deverá ser também objecto da nossa atenção, pela relevância da revolução em si mesma mas também pelos ensinamentos que nos dará quanto ao caminho para diante.
Uma parte indispensável desse eventual estudo será a história do Movimento Operário nestes quase trinta e cinco anos decorridos. No passado dia 14, em plenário nacional de sindicatos, a CGTP decidiu e anunciou uma manifestação nacional para realizar no dia 13 de Março. Do texto da resolução aprovada, transcrevo o seguinte parágrafo:

"(...) Nos últimos anos, o Governo exigiu pesados sacrifícios aos trabalhadores e a outras camadas da população para atingir as suas metas no que diz respeito ao deficit orçamental. Agora, com as disponibilidades financeiras daí resultantes apoia o sector financeiro, sector esse que, enquanto os trabalhadores faziam sacrifícios, viveu em grande especulação, permitindo aos capitalistas arrecadarem somas fabulosas de lucros e aos seus gestores enriquecem escandalosamente. Foi-lhes permitido tudo, desde pagarem menos impostos que o sector produtivo, até fazerem negócios sujos, e também monumentais manipulações contabilísticas.
Mais do que em qualquer outro período, a transparência das contas do Estado tem que ser assegurada. O Governo está a financiar empresas de diversos sectores, em nome da manutenção do emprego, com duvidosos critérios. Essa prática está a propiciar que diversos sectores patronais oportunistas desencadeiam uma autêntica campanha de saque ao Estado.
Há empresas de portugueses e de estrangeiros que ao longo das duas ultimas décadas receberam volumes imensos de dinheiro, muitas vezes mal utilizado, mas que permitiu o enriquecimento de muitos empresários.
Não se resolvem os problemas actuais atirando mais dinheiro para cima desses problemas, e colocando esse dinheiro, sem controle, nas mãos carregadas de cola, daqueles que beneficiando da situação, ao longo dos anos, acabaram por provocar mais problemas. A CGTP-IN reafirma a importância da mobilização de recursos para o investimento público (que se for adequado gerará salários) e para apoio à defesa e promoção do emprego. Por isso as prioridades desse investimento têm que ser orientadas para a estrutura produtiva, para a realização de infra-estruturas e de produção de bens e serviços úteis ao desenvolvimento da sociedade portuguesa, e não para recompor o sector financeiro e a sua vertente especulativa, assim como, as fortunas dos grandes capitalistas.(...)".


A avaliação crítica, que este parágrafo transcrito faz à situação actual do país, afigura-se inquestionável. Na sequência da discussão que venho propondo neste blog, quanto à importância decisiva do factor subjectivo na actividade revolucionária, vejamos em seguida que consequências práticas deverão resultar destas análises do Partido e a da CGTP.


quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Uma notícia editada hoje, por um canal televisivo, afirmava que os recursos financeiros que os estados capitalistas desenvolvidos, para salvarem a economia capitalista global, necessitam injectar nos bancos e grandes grupos monopolistas é trinta (!) vezes aquilo que todos juntos e até agora injectaram, ou seja, qualquer coisa como 30 triliões de dólares. A ofensiva de drenagem das reservas públicas para os bolsos privados prossegue e é assim propagandeada diáriamente pelos "media", visando dar-lhe uma roupagem de prática política digna, indispensável e sem alternativas. Sucedem-se as declarações altisonantes de governantes e economistas vendidos ao capital, afirmando que "o momento é grave" e "exige a união de esforços" de todos. Alguns vão mesmo ao ponto de declarar que a situação não admite hesitações, antes exige "coragem", "determinação e rapidez" nas medidas, como acaba de afirmar o recém-entronizado presidente estado-unidense, Barak Obama, por estes dias ungido como o salvador dos povos do mundo inteiro.
Esta violenta ofensiva político-ideológica do capital imperialista deve ter dos partidos revolucionários a resposta certa, a resposta adequada. Como já anteriormente realizámos, para combater iniciativas anti-operárias e anti-populares, para defender as liberdades, os PC,s têm hoje como tarefa indeclinável lançar vigorosas campanhas políticas contra estas manobras concertadas de esbulho dos recursos dos povos, convocando manifestações e outras acções e lutas de massas, apelando aos trabalhadores para que se mobilizem em defesa dos dinheiros públicos e exigindo a sua aplicação em medidas e políticas sociais - aumento dos salários e pensões, emprego, segurança social, saúde, habitação, educação -, não permitindo que banqueiros e monopolistas, exactamente os directos responsáveis pela crise do seu próprio sistema, ensaquem impunes e cinicamente o dinheiro dos impostos que o fisco vai buscar principalmente aos rendimentos do trabalho, aos assalariados e aos micro e pequenos empresários. De novo se coloca a questão, de agora e de sempre: mais do que interpretar o que se está a passar no mundo, importa intervir para o transformar, partir para o combate ideológico e para a mobilização de grandes acções de protesto e resistência.
Vivemos um período da luta de classes, no plano mundial, capaz de mobilizar e levar a agir em conjunto milhões de trabalhadores, na maioria dos países capitalistas. Poucas vezes se terá verificado, talvez durante décadas, a existência de um factor mobilizador tão unificador da luta da classe operária como o é a presente situação de crise do capitalismo mundial. Seria verdadeiramente um crime se, perante esta situação e as acções que o capital está a desencadear, os partidos operários permanecessem espectantes e sem iniciativa. Tomar a iniciativa, desmascarar corajosamente as manobras do capital, unir na acção a classe operária e os trabalhadores nos seus países, eis uma tarefa na ordem do dia para todos os revolucionários.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Prossegue nestes dias a criminosa ofensiva militar de Israel sobre a população da Faixa de Gaza, subindo diariamente o número de mortos e estropiados, centenas deles mulheres e crianças, face à hipocrisia dos governos ditos "ocidentais", à falencia política e moral da Autoridade Palestina e ao colaboracionismo genocida de vários estados árabes da região. Esta nova agressão sionista do estado de Israel, sobre o há muito martirizado mas heróico povo palestino, desta vez desencadeou por todo o mundo a realização de manifestações de condenação de Israel e de solidariedade com a causa palestina, que atingiram dimensões só comparáveis ás que antecederam a guerra e invasão no Iraque. Não se trata já de manifestações nas capitais de quase todos os países, algumas delas ultrapassando a centena de milhares de manifestantes, mas também em numerosos casos dezenas de manifestações em várias cidades de cada país, e que não param de ser diariamente convocadas em novas localidades. A selvageria da agressão sionista, as afirmações mentirosas e cínicas dos governantes sionistas, decerto tem contribuído muito para este vigoroso movimento mundial de repúdio de tantos milhares em tantas cidades. Entretanto, é minha convicção que muito também contribuiu o gesto de revolta e de dignidade de Muntazer al-Zaidi, lançando os seus sapatos sobre Bush. Este gesto de rejeição, de subversão do poder estabelecido, precisamente do poder mais brutal e desumano da mais forte potência imperialista, estará decerto a repercutir como inspiradora das atitudes de milhões de pessoas. A história do combate bíblico entre David e Golias - tão próximo das culturas dos povos do Médio Oriente -, assim como o conto - este bem mais "ocidental" - do menino que, perante o silêncio reverente da multidão de súbditos, grita "o rei vai nú!", acredito que são fontes mobilizadoras nestes jornadas que todos estamos vivendo.
São exemplos de ousadia que tendem a multiplicar-se. Há poucos dias atrás, dei comigo a pensar isto, quando deparei com a notícia que relatava que uma trabalhadora das artes, em pleno acto propagandístico do chefe Sócrates, no Palácio Foz, se levantou e ergueu a voz para o interromper e contestar as afirmações daquele execrado governante. Estou convictamente persuadido que a sua atitude foi inspirada pela de al-Zaidi. Não fiquei a conhecer com rigor as razões do seu protesto, e muito menos quais as consequências que o seu acto lhe vai acarretar. Ignoro se é uma comunista ou pessoa com convicções de esquerda. Afinal, o que é verdadeiramente importante no episódio é simplesmente o facto de ter ocorrido, pelo seu valor de exemplo de contestação corajosa, que oxalá continue a multiplicar-se.
São afirmações práticas da relevância do "factor subjectivo" como estas que vão construindo a estrada das "condições objectivas", por onde avançará a tal ruptura política que defendemos, ruptura que cada dia mais claramente nos aparecerá com as suas reais características revolucionárias. E, como afirmava - e decerto continua afirmando - um camarada nosso, numa iniciativa de debate recente, "o primeiro dever de um revolucionário é fazer a Revolução". Não será assim? A mim parece-me tranquilamente óbvio que assim é.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

As palavras de ordem são uma componente importante das condições subjectivas que a cada momento é tarefa dos comunistas descobrir/criar e colocar na ordem do dia. Mas esta tarefa é muito mais vasta, complexa e exigente, tão vasta, complexa e exigente como o é a luta de classes. Na verdade, a luta de classes é a mais total guerra que se trava, permanentemente, entre os humanos, enquanto membros de uma classe em luta contra outra(s) classe(s). Sendo uma guerra, tem como qualquer outra guerra exigências estratégicas e tácticas constantes, com mudanças frequentes na estratégia e adaptações na táctica por vezes diárias. Esta complexidade nos combates de classe coloca aos comandos políticos da classe operária e dos trabalhadores - os partidos operários, marxistas-leninistas - uma tensão de forças constante, testando as suas capacidades, pondo constantemente à prova os seus quadros e militantes. A actividade de interpretação política e ideológica da realidade objectiva e a correspondente definição da linha política e programática, a par da planificação e organização das iniciativas para a aplicar, sendo a concretização do "factor subjectivo", são afinal a coluna vertebral da existência dos PC´s.
Há tempos atrás, discutindo alguns destes problemas, uma camarada lembrou acertadamente o exemplo das religiões e suas igrejas, como a mais completa confirmação da importância do "factor subjectivo". De facto, estando a religião no plano filosófico nos antípodas da nossa identidade, sendo ela uma das mais poderosas correntes do idealismo objectivo e nós a afirmação do materialismo objectivo, dialéctico, atente-se no poder de transformação material da vida humana que as concepções e práticas religiosas possuem há milénios, designadamente as judaico-cristãs e em particular a católica. Em síntese, persuadindo os seres humanos da ideia da existência de deus e do direito deste para nomear os seus representantes - a hierarquia - há séculos que vem convencendo milhões de crentes a praticar todo o tipo de acções (políticas, militares, económicas, sociais, culturais) com tão profundas repercussões e consequências nas sociedades humanas onde se inserem, ao longo de séculos. Este exemplo, de utilização espantosamente eficaz do "factor subjectivo" na transformação da vida material, é para nós comunistas e revolucionários um poderoso e irrecusável repto: se conceitos e axiomas tão flagrantemente subjectivos como os da religião conseguem transformar-se em tão poderosa força material, ficam flagrantemente claras as nossas responsabilidades, as obrigações dos que assentam a sua existência e actividade na concepção materialista dialéctica e que consideram os homens como sujeitos da história e os humanos seres capacitados e capazes das mais exaltantes e luminosas construções colectivas, sejam estas materiais ou espirituais.

domingo, 11 de janeiro de 2009

O factor subjectivo na luta revolucionária

Prossigamos com a reflexão, sobre o carácter decisivo do factor subjectivo na luta revolucionária.
Há muito os nossos clássicos ensinaram-nos, entre muitas outras verdades operativas, que "mais que interpretar o mundo, é necessário transformá-lo", e que " uma ideia que ganha a consciência das massas, transforma-se em poderosa força material" (as aspas neste caso não significam transcrição rigorosa dos textos originais). Estas duas afirmações, conjugadas com a obrigação dos comunistas de, em todas as circunstâncias, saberem responder à pergunta leninista "que fazer?", delimitam bem três traços fundamentais da existência e da actividade dos PC´s.
Teorização sem a correspondente acção política prática; ignorar na batalha das ideias que a capacidade transformadora de uma teoria - uma proposta, uma consigna, um programa - depende da sua apropriação pelas massas como um instrumento, como uma arma para a luta; ignorar a necessidade do estudo rigoroso da realidade e de sobre ele estabelecer a linha política e a "ordem de batalha", eis três erros fatais para os comunistas e que frequentemente caracterizam partidos tomados por posições oportunistas.
A actividade revolucionária coloca assim aos revolucionários um conjunto de tarefas e responsabilidades com um elevadíssimo grau de exigência, frequentemente no limite das potencialidades humanas, sejam elas intelectuais, morais, físicas. A determinação, a coragem, a audácia, a inteligência, são qualidades insubstituíveis para os marxistas-leninistas. Naquele sentido que correntemente se utilizava para designar as profissões operárias, a actividade revolucionária tambem é uma arte e muitíssimo exigente.
Em correspondência com o que ficou dito, os militantes comunistas e os seus partidos, para desempenharem o papel de vanguardas que a si mesmos se designam, têm que permanentemente caminhar à frente da classe operária, dos trabalhadores, das massas populares, sabendo cumprir com êxito as suas tarefas, seja de interpretação da realidade, analisando rigorosamente as "condições objectivas", seja simultâneamente descobrindo e afirmando os dados subjectivos, usando o "factor subjectivo" como uma autêntica mola impulsionadora da acção de massas. Fenómenos de "atentismo", de "unitarismo", de ausência de coragem política para audazmente apontar aos trabalhadores e ao povo o caminho certo, conduzem inevitavelmente a atrasos, recuos e mesmo derrotas. Exemplos do uso do "factor subjectivo" são as palavras de ordem "Sí, se puede", dos camaradas cubanos, ou o nosso "Sim, é possível", quando são usadas quer para campanhas internas, quer como metas e objectivos políticos que propomos às massas.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Como interpretar adequadamente este episódio, quanto à atitude de al-Zaidi e quanto às suas importantes repercussões, nos países islâmicos e por todo o mundo? A atitude tomada por este repórter o que foi? Um gesto de revolta individual, impulsivo e não premeditado, ou uma atitude política, previamente decidida por alguma organização e por ele executada? Para o objecto destas linhas, a ausência até agora de uma resposta para esta interrogação, sendo uma falta de dados relevante, não é entretanto o problema central a analisar. Aliás, o próprio autor, certamente não visava um baloufo protagonismo pessoal, nem terá antecipado a dimensão das consequências do seu gesto. O que aqui e agora penso merecer ser reflectido é: como avaliar o seu poderoso conteúdo político, suas vastas consequências mundiais, sendo o resultado da acção de um único indivíduo? Por outro ângulo: as suas consequências - antes do mais no Iraque ocupado, depois nos países islâmicos, e em seguida por todo o mundo - confirmam e permitem afirmar que "estavam reunidas as condições objectivas", isto é, o factor objectivo estava (está) presente na situação dada; mas o elemento motriz do seu impetuoso e rico desenvolvimento está na acção prática, neste caso de uma única pessoa, no gesto individual de um jovem patriota, que se decide a agir naquele exacto momento por sua conta e risco (assim me parece). Ou seja, o factor subjectivo, estando presente, pelo pensamento e pelo gesto de um indivíduo, permitiu o desenvolvimento dialéctico de uma situação objectiva que não ocorreria na sua ausência. Para nós, observadores do fenómeno, o choque ainda é maior pela desproporção numérica entre a acção de um e as suas repercussões em tantos milhões de indivíduos. A nós, revolucionários e marxistas-leninistas, cabe-nos - sempre - a tarefa de aprendermos com a realidade, extraindo deste episódio os ensinamentos possíveis.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A terminar, avaliemos agora o importante episódio do arremesso dos sapatos sobre Bush, pelo até aqui desconhecido repórter de um canal de televisão iraquiano, Muntazer al-Zaidi.
Não obstante a atitude do repórter configurar um violento golpe na imagem mediática do presidente imperialista, imagem que é laboriosa e permanentemente cultivada - e cultuada - pelos grandes meios internacionais de comunicação, o impacto enorme da divulgação em directo por alguns canais televisivos originou uma espantosa onda de difusão, comentários, análises e reflexões por todo o mundo, assegurando práticamente a unanimidade nas peças e páginas da maioria esmagadora de tudo quanto é imprensa, falada, visionada, escrita. Ainda hoje, volvidas quatro semanas sobre o acontecido, prosseguem os editoriais, os artigos de fundo, os comentários, seja em orgãos diários, semanais, mensais ou outros. Em síntese, as ondas de choque que originou, pela sua força e amplitude, continuam a repercurtir-se com uma energia inusitada. As manifestações que vêm ocorrendo nestes dias por todo o globo, de condenação das acções militares sionistas de extermínio, que Israel prossegue contra o povo mártir palestiniano na Faixa de Gaza, em numerosos casos adoptam os sapatos como instrumento político nas mãos de milhares de manifestantes. Se tal não será de estranhar no mundo muçulmano, atente-se nas significativas imagens divulgadas das manifestações que decorreram em Londres e em Nova Iorque, com o chão pejado de sapatos arremessados pelos participantes, numa impressionante identificação e evidente atitude de solidariedade com o gesto de al-Zaidi, em muitos casos com os manifestantes fazendo questão de se identificarem, com etiquetas amarradas ao calçado utilizado no protesto.
Entretanto, quem é este repórter iraquiano, cujo gesto de revolta tantas repercussões políticas está originando? Para além dos episódios que viveu com as forças repressivas dos ocupantes do seu país já referidos, alguns orgãos de imprensa falam que foi membro da Juventude Comunista quando era estudante, outros que é um simpatizante do líder da resistência xiita Moqtad al-Sadr do qual é vizinho no bairro Sadr City, outros ainda que é um membro da resistência sunita, enfim, fervilham as especulações sobre aquele que é hoje considerado um herói, por todas as nações muçulmanas. É sem dúvida um corajoso jovem iraquiano de vinte e nove anos, que terá afirmado ao irmão e ao advogado constituído - entre mais de duas centenas de advogados que imediatamente se ofereceram para tal - que pensava que ia ser alvejado a tiro logo que arremessou o primeiro sapato, e na verdade esse seu pensamento faz todo o sentido. Ainda agora, para lá da ameaça de condenação a oito anos de prisão, decerto corre perigo de vida e só poderá ser salvo pelas acções de solidariedade recebidas de todo o mundo.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Vamos continuar, ainda com algumas considerações mais sobre os factos do final de 2008 que estimularam o lançamento deste espaço. Particularmente sobre a luta na Grécia e as sapatadas sobre Bush, pois sobre a crise sistémica do capitalismo já se adiantou o necessário, no que toca às posições imediatas tomadas pelos PC's.
Não obstante as suas condições próprias, a situação política grega revela pontos semelhantes e mesmo comuns com a situação noutros países, nomeadamente: um partido dito "socialista" que, à semelhança do que se passou com a generalidade dos partidos social-democratas e trabalhistas, foi "comido" por dentro pelo grande capital e transformado em seu instrumento directo; um sistema de poder alternante, assente num bi-partidarismo - talvez mais exactamente num unipartidarismo bicéfalo - , à semelhança das soluções já consolidadas há décadas nos sistemas britânico e estado-unidense; uma legislação eleitoral que, conjugada com a detenção pelos grandes grupos económicos dos meios de propaganda e manipulação informativa, em contraste com a exiguidade de recursos do partido proletário, falseiam totalmente a democraticidade das consultas eleitorais, induzindo e sedimentando a chamada bi-polarização; por último, uma situação social crítica, originada pelas políticas de classe do grande capital, aplicadas ao longo destas duas últimas décadas da globalização neoliberal. São traços comuns que evidenciam, simultâneamente, os limites, as dificuldades e as possibilidades de uma intervenção revolucionária, e, uma agudização das contradições sociais, com a correspndente e crescente redução do espaço de manobra das estruturas políticas e ideológicas do capital, mais evidente nos últimos meses de 2008 e em resultado da grande crise capitalista mundial em desenvolvimento.

Tal como em numerosos outros países, tambem na Grécia existe o instrumento político insubstituível e decisivo na caminhada política da sua classe operária e dos seus trabalhadores, rumo à sua emancipação e ao fim da exploração da qual são as principais vítimas: o partido operário, marxista-leninista, o Partido Comunista Grego. Direcção política e vanguarda do movimento operário grego, existe para guiar os trabalhadores e o seu povo no contraditório e complexo caminho da luta de classes, em cada uma das suas etapas, até à conquista e laboriosa construção da nova sociedade socialista.
A história recente e a prática actual do KKE confirmam-no como um valoroso destacamento nacional do movimento revolucionário mundial. A atestar essa sua qualidade aí está o papel que vem desempenhando na intensificação e fortalecimento das lutas de massas que vêm ocorrendo na Grécia. Defrontando corajosamente as políticas anti-operárias e anti-populares do governo, desmascarando constantemente a traição e os conluios do PASOK com os ditames do grande capital, posicionando-se frontalmente contra a permanência da Grécia na U.E. dos monopólios, organizando os seus militantes prioritáriamente nas grandes empresas e nos sindicatos, defrontando corajosamente a repressão e a liquidação das liberdades políticas operadas pelo Estado burguês, mobilizando para a acção de massas as suas organizações, o KKE tem registado êxitos assinaláveis na adesão popular às suas consignas e iniciativas sociais e políticas. Isto mesmo se encontra evidenciado na sua capacidade mobilizadora, com manifestações práticamente diárias em várias cidades gregas, no último mês do ano que terminou.
É necessário assinalar que esta capacidade política mobilizadora não é um fenómeno recente no Partido Comunista Grego. Já há alguns anos atrás, ainda no auge da ofensiva neoliberal, o KKE realizou uma grande manifestação dos seus militantes no centro de Atenas, exigindo um aumento geral de salários, que contou com dezenas de milhares de participantes. Que ensinamentos imediatos devemos procurar tirar desta estimulante experiência dos camaradas gregos? No mínimo, podemos concluir que um partido corajoso, mobilizado e determinado, enraízado na classe operária e nas massas populares, com palavras de ordem e acções acertadas, mesmo lutando em condições muito adversas, é capaz de atrair e conquistar para a luta a mente e o coração da parte mais combativa e avançada do seu povo. Assinalemos estes sucessos dos marxistas-leninistas gregos como mais uma confirmação prática da importância central do factor subjectivo.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Considerados assim os três acontecimentos de 2008 escolhidos, tratemos agora de os debater conjuntamente com a questão que levou à decisão de criar este espaço de diálogo, isto é, a importância decisiva do factor subjectivo na acção revolucionária.

Para iniciar e como apoio das ideias que adiante procurarei desenvolver, quero transcrever um trecho contido numa importante - a vários títulos - entrevista que recentemente a Agência Bolivariana de Notícias fez ao investigador argentino Néstor Kohan e cuja tradução para português foi publicada em http://www.odiario.info/, em 15/12. A determinado passo da entrevista, na qual se discute o valor da ideia de revolução para este nosso século XXI, o entrevistado, ao valorizar a revolução cubana e o seu exemplo como inspiração para todos os revolucionários, afirma: "(...) não devemos ajoelharmos perante o culto cego e fanático das 'condições objectivas' (tão cultivadas pelos manuais do marxismo ortodoxo da antiga União Soviética, questionados ácida e mais que justamente por Fidel e por Che)".
Para o objecto destas linhas e por agora, a utilidade desta citação não reside tanto na avaliação negativa que o autor atribui a Fidel e a Che, quanto à teorização das "condições objectivas" pelos comunistas soviéticos, mas sim mais nas suas repercussões práticas na actividade dos PCs, quer no período da existência da União Soviética, quer tambem ainda na actualidade. Vejamos brevemente a experiência do PCP, designadamente toda a elaboração teórica que culminou nas decisivas resoluções do VI Congresso, quando o Partido apontou o caminho para o derrube do fascismo. Com efeito, à época predominavam as concepções do PCUS que, absolutizando a teoria da "coexistência pacífica" - justificando com o propósito de evitar uma nova guerra mundial - , tiveram como consequência as teses da impossibilidade da via revolucionária como objectivo político programático para os PCs. na Europa (e não só). Contrariando frontalmente os camaradas soviéticos, os comunistas portugueses analisaram as relações de classes na sociedade portuguesa, definiram a etapa da revolução democrática e nacional como anti-monopolista, anti-latifundista e anti-imperialista, apontando o caminho da insurreição popular para a liquidação do regime fascista. O Programa do PCP aprovado em 1965 constitui uma das mais brilhantes elaborações teórico-programáticas marxistas-leninistas contemporâneas, seja pela sua capacidade de análise, seja pela sua inteira fidelidade revolucionária aos interesses do povo e do país, seja pela capacidade revelada de apontar o caminho aos comunistas e à classe operária portuguesa, seja pelo seu poder de síntese, seja pelo conteúdo concreto que imprimiu a toda a actividade política dos comunistas e dos outros anti-fascistas identificados com as aspirações mais profundas do povo. A Revolução Portuguesa do 25 de Abril, nove anos depois, veio sancionar e confirmar essas análises e esse Programa hoje históricos. Anos esses nos quais foram necessárias muita coragem, firmeza, determinação, para manter e apontar esse caminho insurrecional, derrotando as concepções oportunistas no interior do país e defrontando a discordância e descrença de camaradas de outros partidos. A alegada ausência das necessárias "condições objectivas" estavam presentes no argumentário de uns e nas avaliações de outros. Aqui chegados, devemos deixar registados estes factos como uma importante e exemplar vitória do "factor subjectivo", naquela etapa revolucionária do povo português.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Analisemos então o terceiro acontecimento do final de 2008, dos três escolhidos para esta reflexão.
Marcando indelevelmente o final do segundo mandato presidencial norte-americano, no dia 14 de Dezembro, perante as câmaras de televisão que cobriam a conferência de imprensa encenada para divulgar imagens de Bush na sua última visita à fortificada e super-protegida "zona verde", instalada pelas tropas dos E.U.A. na Bagdad ocupada, o mundo assistiu surpreso ao gesto de Muntazer al-Zaidi, repórter de um canal de televisão iraquiano (sunita), arremessando os seus dois sapatos à figura do presidente imperialista, ao mesmo tempo que proferia justas acusações e lhe chamava "cão". Após ser violentamente detido e objecto de agressões físicas, primeiro por agentes de segurança fingindo de jornalistas - foi visível nas imagens que, no espaço daquela sala, poucos dos presentes seriam de facto jornalistas - e depois espancado enquanto era levado para interrogatório, al-Zaidi continua preso e a aguardar julgamento por um tribunal do regime fantoche. Este seu gesto, que parece ser uma decisão pessoal, imediatamente desencadeou uma enorme onda de solidariedade por todo o mundo, especialmente no Iraque e em todos os países árabes e muçulmanos, com milhares de manifestantes saindo às ruas nos dias imediatos, considerando-o um herói, exigindo a sua libertação e usando também simbolicamente sapatos para bater em fotos de Bush, gesto que na cultura muçulmana constitui uma das maiores ofensas.
Este repórter já anteriormente tinha passado por outras experiências com o aparelho de repressão instalado pelos ocupantes do Iraque. Foi detido duas vezes pelos militares americanos, a segunda das quais no seu apartamento, que foi alvo de buscas, episódio que ocorreu dois meses após um outro semelhante, quando foi sequestrado por desconhecidos, vendado, preso e espancado, sendo interrogado durante três dias sobre o seu trabalho de jornalista, até ser posteriormente libertado.
Nas alegações do recurso que interpôs, reclamando o anulação do julgamento e obtendo o seu adiamento, que estava inicialmente marcado para 31/12, o advogado de al-Zaidi afirma que este, atirando os sapatos sobre o presidente norte-americano, "expressou apenas o seu repúdio à ocupação e à política de repressão contra os iraquianos", e que tal gesto "está dentro da liberdade de expressão" - uma das muitas liberdades que a propaganda do imperialismo prometia ao povo iraquiano. Certeiras palavras estas, as deste corajoso advogado iraquiano.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Passemos agora ao segundo traço que escolhi deste final de ano, a situação da luta de classes na Grécia.
Na sequência do assassinato pelas forças policiais de um jovem estudante de quinze anos, a 8/12, que fez sair às ruas de Atenas centenas de jovens em acções de protesto durante dias sucessivos e com a participação activa da juventude comunista, no dia 10/12, correspondendo aos apelos do Partido Comunista e do movimento sindical, tem lugar uma das maiores greves gerais realizadas neste país, com grande impacto em numerosos sectores de actividade, e, a 17/12, realizam-se manifestações operárias e populares em 51 cidades e outras localidades gregas, com a participação de dezenas de milhares de manifestantes, em luta contra a directiva do tempo de trabalho da U.E., nessa data em discussão no P.E.. Neste processo de agudização da luta, que decorre sem interrupção ao longo de três semanas, dirigentes sindicais e a direcção do KKE - C.Política, Secretária-Geral e o plenário do CC - apelam veementemente à intensificação e alargamento da luta contra o governo do grande capital, inclusivé com a adopção de medidas de auto-defesa face às actividades provocatórias de grupos esquerdistas e às provocações directas comandadas por serviços do Estado.
Particularmente significativas são as declarações de Aleka Papariga quando, apelando à mobilização de todos os trabalhadores gregos, afirma: "É absolutamente necessário que o nosso país se encha de trabalhadores em luta porque uma tormenta maior está por chegar, pela crise económica e com o pretexto da crise". No Parlamento, o porta-voz do Partido, na sua intervenção, sublinhou que "o povo deve negar-se a pagar a crise" .
Pela oportunidade, merece referência o empenhamento internacionalista do KKE, na denúncia e combate às terroristas e genocidas acções militares do governo sionista israelita contra os palestinianos do gueto da Faixa de Gaza, com a convocação de manifestações para anteontem (30/12), com milhares de participantes, e a decisão de enviar nos próximos dias uma delegação do partido à Palestina, dirigida pela própria Secretária-Geral. (1)

(1) Nota: Que contraste gritante entre esta atitude e as posições oportunistas - e coniventes - do presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, perante as agressões que está sofrendo o seu povo.