SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Começo por transcrever um trecho da intervenção de Jerónimo de Sousa, Sec.-geral do PCP, em comício realizado dois dias atrás:

"(...) Por um lado, são os grandes senhores do dinheiro, com a conivência do governo em nome da crise e à sua sombra, a forçar e concretizar a transferência dos recursos do país para salvaguardar os seus interesses particulares e cobrir com os dinheiros públicos os seus negócios especulativos, as suas obscuras negociatas e garantir e reforçar o seu património. Num país onde se negam a muitos portugueses os mais elementares direitos sociais, se deixam degradar os serviços públicos essenciais para garantir o bem-estar das populações, se justificam os atrasos e a falta de resposta aos problemas das populações com o sempre estafado argumento da escassez de recursos financeiros, nunca faltam os milhões para aqueles que são co-responsáveis pela crise e que nos últimos anos encheram os seus cofres à custa da acentuação da exploração de quem trabalha e da economia portuguesa em geral. Não faltam milhões nos apoios e não faltam os milhões nos lucros, apesar da choramingueira que por aí anda destes senhores. Só durante os nove primeiros meses do ano de 2008, os lucros dos 9 principais grupos económicos foram superiores a 4000 milhões de euros e, entre esses grupos, estão os 5 principais bancos que alcançaram mais de 1500 milhões de euros de lucros. Escandalosamente tudo feito em nome do interesse geral e para bem de todos, porque a crise, como sempre desejam, é para os mesmos do costume pagarem, com a degradação das suas condições de vida e de trabalho.(...)".

São palavras certeiras, para a caracterização do quadro actual, adequadamente apoiadas em dados numéricos, que espelham bem a dimensão da sobreexploração em curso em Portugal, hoje com salários dos mais baixos da UE/25 e preços dos mais altos. Entretanto, insaciável, o capital exige mais, e, com o seu governo de serviço, obtem o que quer.
Como chegamos a esta situação, não obstante termos a Constituição mais progressista da Europa, após termos realizado uma revolução democrática, que chega a definir o socialismo como sua meta? A par de estudos, igualmente valiosos, que autores estrangeiros e nacionais vêm realizando sobre o destino de outras revoluções - entre as quais a soviética de 1917 - este estudo histórico da Revolução Portuguesa deverá ser também objecto da nossa atenção, pela relevância da revolução em si mesma mas também pelos ensinamentos que nos dará quanto ao caminho para diante.
Uma parte indispensável desse eventual estudo será a história do Movimento Operário nestes quase trinta e cinco anos decorridos. No passado dia 14, em plenário nacional de sindicatos, a CGTP decidiu e anunciou uma manifestação nacional para realizar no dia 13 de Março. Do texto da resolução aprovada, transcrevo o seguinte parágrafo:

"(...) Nos últimos anos, o Governo exigiu pesados sacrifícios aos trabalhadores e a outras camadas da população para atingir as suas metas no que diz respeito ao deficit orçamental. Agora, com as disponibilidades financeiras daí resultantes apoia o sector financeiro, sector esse que, enquanto os trabalhadores faziam sacrifícios, viveu em grande especulação, permitindo aos capitalistas arrecadarem somas fabulosas de lucros e aos seus gestores enriquecem escandalosamente. Foi-lhes permitido tudo, desde pagarem menos impostos que o sector produtivo, até fazerem negócios sujos, e também monumentais manipulações contabilísticas.
Mais do que em qualquer outro período, a transparência das contas do Estado tem que ser assegurada. O Governo está a financiar empresas de diversos sectores, em nome da manutenção do emprego, com duvidosos critérios. Essa prática está a propiciar que diversos sectores patronais oportunistas desencadeiam uma autêntica campanha de saque ao Estado.
Há empresas de portugueses e de estrangeiros que ao longo das duas ultimas décadas receberam volumes imensos de dinheiro, muitas vezes mal utilizado, mas que permitiu o enriquecimento de muitos empresários.
Não se resolvem os problemas actuais atirando mais dinheiro para cima desses problemas, e colocando esse dinheiro, sem controle, nas mãos carregadas de cola, daqueles que beneficiando da situação, ao longo dos anos, acabaram por provocar mais problemas. A CGTP-IN reafirma a importância da mobilização de recursos para o investimento público (que se for adequado gerará salários) e para apoio à defesa e promoção do emprego. Por isso as prioridades desse investimento têm que ser orientadas para a estrutura produtiva, para a realização de infra-estruturas e de produção de bens e serviços úteis ao desenvolvimento da sociedade portuguesa, e não para recompor o sector financeiro e a sua vertente especulativa, assim como, as fortunas dos grandes capitalistas.(...)".


A avaliação crítica, que este parágrafo transcrito faz à situação actual do país, afigura-se inquestionável. Na sequência da discussão que venho propondo neste blog, quanto à importância decisiva do factor subjectivo na actividade revolucionária, vejamos em seguida que consequências práticas deverão resultar destas análises do Partido e a da CGTP.


1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Camarada,´

Parabéns pelo teu blog. Acho que é mais um excelente espaço de discussão e de avanço na luta ideológica que temos de continuar a travar contra o grande capital e seus instrumentos.

Um abraço,
João

P.S. prometo passar regularmente por aqui