SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A situação actual de crise mundial do neoliberalismo, com profundas repercussões na economia capitalista, atinge a generalidade dos países capitalistas mais ou menos desenvolvidos e assume contornos políticos muito semelhantes. De facto, a pretexto da "crise", a palavra de ordem de todos os governos resume-se nisto: drenar as maiores quantidades de dinheiro à disposição dos estados que lhes seja possível e entregá-lo de bandeja aos bancos e suas multinacionais associadas. Também aqui esta crise está a revelar-se de contornos novos; nunca antes, em tão curto espaço de tempo, se processou uma tão brutal acumulação capitalista, desta feita à custa directamente dos recursos financeiros dos próprios estados. Já aqui se deu nota, num texto anterior, que estimativas divulgadas na imprensa apontam para montantes astronómicos, da ordem dos 30 trilhões de dólares, que totalizariam essas acções de pseudo-"reforços de liquidez". Nos states de Bush/Obama, já aprovados para entrega mais de 800.000 milhões; na Alemanha, 65.000 milhões de euros; na Grã-Bretanha, mais de 50.000 milhões: verba semelhante, na Espanha; em Portugal, 24.000 milhões de euros. Os exemplos poderiam seguir-se por dezenas mais. A par destas "entregas", os estados "nacionalizam" bancos falidos, concedem benefícios fiscais, financiam grandes grupos económicos, enfim, aumentam assustadoramente os seus défices e dívidas públicas e com isso comprometem ou inviabilizam no curto prazo o cumprimento dos seus encargos com políticas sociais, arriscam a própria bancarrota dos países.
Nas últimas semanas, recrudesceram as lutas de massas em numerosos países, não obstante divisões nos movimentos sindicais respectivos e, nalguns casos, ausência de intervenção activa de partidos que se afirmam marxistas. Grécia - um exemplo de combatividade! -, Islândia, Letónia, Lituânia, Bulgária, hoje mesmo a França - uma greve geral, com grandes manifestações - para só mencionar países europeus, exemplificam a crescente agitação e mobilização entre os trabalhadores, em luta contra os propósitos do capital de intensificar a sobre-exploração.
No presente quadro capitalista global, são na verdade enormes as responsabilidades que assumem os Movimentos Operários nacionais e os Partidos Comunistas. É tempo de agir, é tempo de mobilizar o fundamental das energias para a luta de massas, intervindo para barrar o caminho à ofensiva de um auto-intitulado "novo capitalismo" que utiliza os mesmíssimos estratagemas ideológicos e políticos do "velho" capitalismo. A FSM tem marcada para 1 de Abril uma acção de convergência das centrais sindicais filiadas, à qual a CGTP - não-filiada - já decidiu acertadamente aderir. Por mim, considero este calendário revelador das sequelas e retrocessos que o Movimento Sindical Mundial de classe sofreu. A envergadura da ofensiva do capitalismo exige maior celeridade na resposta, a par de uma vigorosa denúncia dos seus propósitos e de consignas unificadoras, exigindo e lutando contra a entrega de um único cêntimo dos orçamentos nacionais aos banqueiros. Afinal, lutando contra a "entrega do ouro ao bandido", pela mão de governos membros da quadrilha.

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

É isso: o capitalismo («novo» ou «velho») é o sistema do grande capital e, portanto, da exploração e opressão de quem trabalha; os governos são «conselhos de administração dos interesses do grande capital»; os partidos comunistas existem para, assumindo-se como vanguarda da classe operária e dos interesses dos trabalhadores e dos povos, moverem uma luta sem tréguas ao sistema dominante «tendo sempre no horizonte o socialismo»; a situação actual exige (e proporciona) uma intensa acção dos comunistas...


Um abraço.