SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Segundo dados coligidos recentemente pelo camarada Eugénio Rosa - saudemos a sua determinação, no objectivo de nos proporcionar dados económico-financeiros tão úteis - o governo, "sob o manto diáfano" da mentira/versus a crise mundial do capitalismo, concedeu até agora aos banqueiros a redonda soma de 24.000 milhões de euros, retirados ao erário público, isto é, aos bolsos dos portugueses. Estabelecendo um escandaloso contraste, o estudo de ER informa-nos também que o total de verbas estabelecido para 2009 no PIDDAC (Plano de Investimentos e Despesas da Administração Central) se fica pelos 4.641 milhões de euros.(1)
Significam estes números que este governo - na esteira de todos os anteriores desde 1976 - é um unhas de fome para gastos com tudo o que seja do interesse colectivo de todo o povo, tornando-se um mãos rotas generoso quando se trata de entregar os recursos do Estado aos piores sugadores da riqueza criada pelas classes populares. Por outras palavras, todo o investimento público - infra-estruturas, transportes e acessibilidades, hospitais e centros de saúde, escolas, correios, finanças, postos de polícia, etc - durante um ano, não chega a ser um mísero 1/5 da verba que, do dia para a noite, este governo entregou de bandeja aos grandes especuladores burgueses, àqueles mesmos que, como assinalamos no texto anterior, só nos primeiros nove meses de 2008 (e unicamente os cinco maiores) lucraram mais de 1.500 milhões de euros! Coitados, tão castigados que eles são pela "crise"...
O partido revolucionário, tal como o movimento operário neste caso, a par da análise e divulgação dos dados da realidade, têm o dever político de adequar esses dados objectivos do real à sua actividade mobilizadora para a acção, transformando a situação objectiva em instrumentos subjectivos com capacidades agitadoras e mobilizadoras. Por exemplo, o mais simples: Aplicados no interesse do país e das populações, o que seria possível construir e realizar com 24.000 milhões de euros? Quantas novas escolas (incluindo universitárias, tão gritantemente necessárias)? Quantos novos centros de saúde, maternidades, hospitais, creches, centros de terceira idade? Quantas novas ligações rodoviárias de qualidade, entre as auto-estradas e os centros populacionais? Quantos novos trechos de linhas férreas e de metropolitano? Quantos novos centros públicos de atendimento e apoio às populações? O trabalho de cálculos a fazermos para termos as respostas, seria largamente compensado pela força transformadora que a sua utilização permitiria.
Em síntese: tão necessário, indispensável, insubstituível é o estudo da situação objectiva como o é a sua transformação em expressões operativas, em proposições transformadoras do real, em linhas de acção política de classe que finalmente justifiquem a actividade de análise e pesquisa do real.
Recusando darmos este passo subsequente, ficariamos amarrados à visão tecnocrática, estreitamente "descritivista", que frequentemente tem como consequência induzir ideias e posicionamentos de "pragmatismo", de "realismo" oportunista, ideias e atitudes que são castradoras da iniciativa e actividade dos comunistas e dos trabalhadores que, cada vez mais, necessitamos que contenham sempre o germe da transformação revolucionária.
(1) Nota: Esta verba é inferior à do PIDDAC/2005, ano em que totalizou 6.724 milhões de euros.

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