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terça-feira, 14 de junho de 2016

Uma lição intemporal. Lénine e as formas de luta.


"Comecemos pelo começo. Quais são as exigências fundamentais que qualquer marxista deve apresentar ao exame da questão das formas de luta? Em primeiro lugar, o marxismo distingue-se de todas as formas primitivas de socialismo pelo facto de ele não amarrar o movimento a qualquer forma determinada e única de luta. Ele reconhece as mais diferentes formas de luta, e além disso não as «inventa», mas apenas generaliza, organiza, dá consciência àquelas formas de luta das classes revolucionárias que surgem por si no curso do movimento. Absolutamente hostil a todas as fórmulas abstractas, a todas as receitas doutrinárias, o marxismo exige uma atitude atenta em relação à luta de massas em curso, a qual, com o desenvolvimento do movimento, com o crescimento da consciência das massas, com a agudização das crises económicas e políticas, gera métodos sempre novos e cada vez mais diversos de defesa e de ataque. Por isso o marxismo não renuncia absolutamente a nenhumas formas de luta. O marxismo não se limita em nenhum caso às formas de luta possíveis e existentes apenas num dado momento, reconhecendo a inevitabilidade de novas formas de luta, desconhecidas dos participantes do período dado, com a modificação da conjuntura social dada. O marxismo neste aspecto aprende, se assim nos podemos exprimir, com a prática das massas, está longe da pretensão de ensinar às massas formas de luta inventadas por «sistematizadores» de gabinete.(...)
 
Trata-se do 1º parágrafo de um texto de Lenine, escrito em 1906, sobre a adopção ou não das formas de luta armada pelo Partido dos comunistas russos, onze anos antes da grande Revolução de Outubro de 1917, cujo conteúdo integral está aqui: https://www.marxists.org/portugues/lenin/1906/09/30.htm
 
Discutindo a aplicação da guerra de guerrilhas à luta dos comunistas, este texto é uma magnífica e intemporal lição para todos nós, seus herdeiros ideológicos, cujo dever indeclinável é avaliar todas as formas de luta nas condições concretas dadas e, simultaneamente, não "perdendo o pé" da realidade e não rejeitando qualquer forma de combate por sujeição a "receitas doutrinárias" e razões alheias à obrigação básica dos revolucionários - fazer a revolução. 
 
Seguindo estes preciosos ensinamentos de Lenine, para quem combate as concepções oportunistas de direita, defendidas por falsos marxistas-leninistas que propagandeiam a via reformista parlamentar burguesa para o Socialismo, para todos quantos temos por objectivo a liquidação do sistema capitalista e a sua substituição por um sistema novo, socialista e comunista, duas preposições são certamente  básicas: a) a revolução não é só um momento insurrecional e de viragem radical e transformadora, mas sim um processo político revolucionário contínuo, em ligação dialéctica com a marcha dos povos; b) neste processo revolucionário - com períodos de ascenso/descenso e intensidade diferenciados no tempo mas sem divisórias artificiais, conceptualizadas pelos referidos "sistematizadores de gabinete" dos tempos actuais - as formas da luta política das massas trabalhadoras e populares vão sendo adequadas às condições existentes (objectivas e subjectivas), sem exclusão "à priori" de nenhuma delas.
 

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