
150 anos a caminhar ao nosso lado
Os marxistas, diferentemente dos anarquistas, reconhecem a luta por reformas, isto é, por melhorias na situação dos trabalhadores que deixam como antes o poder nas mãos da classe dominante. Mas, ao mesmo tempo, os marxistas travam a luta mais enérgica contra os reformistas, que directa ou indirectamente limitam as aspirações e a actividade da classe operária às reformas. O reformismo é um logro burguês dos operários, que permanecerão sempre escravos assalariados, apesar de determinadas melhorias, enquanto existir a dominação do capital.
A burguesia liberal, dando reformas com uma das mãos, retira-as sempre com a outra, redu-las a nada, utiliza-as para subjugar os operários, para os
dividir em diversos grupos, para perpetuar a escravidão assalariada dos trabalhadores. Por isso o reformismo, mesmo quando é inteiramente sincero,
transforma-se de facto num instrumento de corrupção burguesa e enfraquecimento dos operários. A experiência de todos os países mostra que, confiando
nos reformistas, os operários foram sempre enganados.
Pelo contrário, se os operários assimilaram a doutrina de Marx, isto é, tomaram consciência da inevitabilidade da escravidão assalariada enquanto se
conservar a dominação do capital, então não se deixarão enganar por nenhumas reformas burguesas. Compreendendo que, conservando-se o capitalismo, as
reformas não podem ser nem sólidas nem sérias, os operários lutam por melhorias e utilizam as melhorias para continuarem uma luta mais tenaz contra a
escravidão assalariada. Os reformistas procuram dividir e enganar os operários com esmolas, afastá-los da sua luta de classe. Os operários, conscientes
da falsidade do reformismo, utilizam as reformas para desenvolver e alargar a sua luta de classe.
Quanto mais forte é a influência dos reformistas sobre os operários tanto mais fracos são os operários, tanto mais dependentes da burguesia, tanto
mais fácil é para a burguesia reduzir as reformas a nada por meio de diversos subterfúgios. Quanto mais independente e profundo, quanto mais amplo
pelos seus objectivos for o movimento operário, quanto mais livre ele for da estreiteza do reformismo, tanto melhor os operários conseguirão consolidar
e utilizar as melhorias isoladas.
Existem reformistas em todos os países, pois por toda a parte a burguesia procura de um modo ou de outro corromper os operários e fazer deles
escravos satisfeitos, que renunciem à ideia de suprimir a escravidão. Na Rússia os reformistas são os liquidacionistas, que renunciam ao nosso passado
para adormecer os operários com sonhos acerca de um partido novo, aberto, legal.
(Marxismo e Reformismo, V.I.Lénine, 12 de Setembro de 1913)
(Marxismo e Reformismo, V.I.Lénine, 12 de Setembro de 1913)