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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Obama e as guerras coloniais do século XXI



O Pentágono divulgou o seu orçamento para o ano fiscal de 2011, um orçamento militar dos EUA que, mesmo descontando a inflação, é o maior desde a Segunda Guerra Mundial. O valor inscrito é de 708,2 bilhões dólares, constituído por 548,9 bilhões dólares para a "base" do orçamento, mais 159,3 bilhões dólares para pagar as "operações de emergência no exterior", principalmente as guerras no Afeganistão e no Iraque, para além da verba de mais US $ 33 bilhões para o orçamento do ano em curso, para pagar os 30.000 soldados extras (e todos os seus suprimentos, armas, etc) que o presidente Obama está a enviar para o Afeganistão. Robert Gates, na apresentação do orçamento ao Congresso, discriminou algumas parcelas dos mencionados 159,3 bilhões dólares para as tais "operações de emergência no exterior": 89,4 bilhões para as operações, 21,3 bilhões dólares para reparar o equipamento quebrado, 13,6 bilhões dólares para treinar as forças de segurança afegãs e iraquianas, etc.


Segundo o "Office of Management and Budget", 55 por cento do total do Orçamento dos EUA em 2010 já irá direitinho para os militares. Trata-se não só do maior orçamento militar nacional do mundo como também atinge uma verba tão colossal que é superior à soma das despesas militares dos restantes 14 países mais gastadores que, em conjunto com os EUA, somam 81% do total dos gastos mundiais! E é um crescimento imparável. O orçamento militar de 2010 -- o qual não cobre todas as despesas relacionadas com a guerra -- chega aos US$680 mil milhões. Em 2009 era de US$651 mil milhões e em 2000 de US$280 mil milhões. Mais do que duplicou em 10 anos.
O Centro para uma Nova Segurança Americana (que está longe de ser uma organização pacifista militante) calcula que, descontando a inflação, esta soma é de 13 por cento superior ao orçamento de defesa "USA" no auge da Guerra da Coreia, 33 por cento mais elevados do que no auge da Guerra do Vietnã e 64 por cento superior aos gastos anuais médios no período da Guerra Fria.

Para se ter uma ideia da desproporção de gastos militares do imperialismo estadunidense face aos restantes países, abaixo se publica o quadro comparativo dos mencionados 15 países com os maiores gastos militares, referente a 2008 e cujas percentagens que não deverão estar muito alteradas.
Por ordem, a posição de cada país, o montante das despesas militares (em biliões) e a % do total:

1 -- EUA ------------- 607.0 - 41.5
2 -- China ------------- 84.9 -- 5.8
3 -- França -------------65.7 -- 4.5
4 -- Reino Unido ------- 65.3 -- 4.5
5 -- Rússia ------------- 58.6 -- 4.0
6 -- Alemanha ----------46.8 -- 3.2
7 - -Japão ---------------46.3 -- 3.2
8 - -Itália --------------- 40.6 -- 2.8
9 - -Arábia Saudita ------ 38.2 -- 2.6
10 - Índia --------------- 30.0 -- 2.1
11 - Coreia do Sul -------- 28.9 -- 2
12 - Turquia ------------- 25.4 -- 2
13 - Brasil ----------------25.3 -- 2
14 - Austrália ------------ 20.7 -- 2
15 - Canadá -------------- 18.6 -- 1
Os números do segundo posicionado nesta lista, mesmo sendo um país com a dimensão da China, mostra à evidência o enorme desequilíbrio de gastos militares. Se fizéssemos uma ordenação "per capita" resultaria ainda mais claramente o papel subsidiário do militarismo imperialista desempenhado por grande número destes quinze países, sempre com os "states" na frente e a grandíssima distância dos restantes.
Por estas e por outras é que o défice das contas dos "states" atinge já os 12% do PIB, um número que os levaria à bancarrota - como estão ameaçados vários outros países europeus, pertencentes à U.E. -, se não fosse o seu continuado "expediente" de fabricarem notas sem limite, prática que o sistema capitalista global vai aceitando como boa, tal é o grau de integração sistémica atingido.

Aos EUA o sistema capitalista continua a atribuir o papel de gendarme mundial, usando as suas forças armadas para um novo processo colonizador, estendido aos cinco continentes. Os seus colossais gastos militares asseguram a manutenção de mais de 800 bases militares em 60 países, simultâneamente suportes para a sujeição e submissão política dos países onde se encontram e plataformas de agressão sobre os restantes. As guerras em curso, de ocupação e extermínio de países e povos, são as guerras colonial-imperialistas da presente época, destinadas a assegurar ao capital o roubo das riquezas e recursos económicos dos países agredidos-colonizados, a par da manutenção da sua "ordem" e da sua "democracia", cada dia mais semelhante a uma nova ordem neo-fascista de âmbito mundial, liquidando liberdades, direitos, independências nacionais, tudo ao serviço de uma feroz intensificação da exploração globalizada dos trabalhadores e dos povos.

Já alguém escreveu, recentemente, que Barak Obama está transformado numa espécie de "power point" do capitalismo contemporâneo. Ainda que interessante, parece-me ser uma designação demasiadamente benévola para o personagem em causa. Propagandeado como o novo "condottiere" mundial, predestinado para fazer grandes mudanças no mundo, os factos vão revelando a sua verdadeira face: o chefe de turno do imperialismo, cada dia mais semelhante ao execrado Bush, ultrapassando-o já pela direita, no suporte de golpes militares fascistas - vidé as Honduras - e na criminosa ocupação militar de novos países - vidé o Haiti. Com Obama, o imperialismo reforça o seu carácter de inimigo n° 1 dos povos em todo o mundo. Urge combatê-lo, em todas as frentes, em defesa da Humanidade ameaçada.

2 comentários:

Anónimo disse...

"O Imperialismo é um tigre de papel"
Mao Tsé-Tung

"A Guerra imperialista é a véspera da Revolução Socialista"
Lenine

"Os EUA são um gigante com pés de barro"
Ossama bin-laden

Fernando Samuel disse...

Excelente análise.

A principal tarefa do imperialismo foi sempre a de se armar para levar por diante o seu objectivo de domínio absoluto do planeta.
E os senhores do império sempre souberam escolher em cada momento o chefe adequado: Truman, Eisenhower, Kennedy, Nixon, Reagan, Bush pai, Clinton, Bush filho, Obama prémio nobel da paz...

Um abraço.