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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Na Europa, contra o capital e a sua UE, a luta de classes cresce e alarga-se.


Perante o agravamento da gravíssima crise social em desenvolvimento por toda a Europa, a jornada europeia de protesto do passado dia 29 trouxe às ruas milhões de trabalhadores. Para além da manifestação em Bruxelas, com trabalhadores de 24 países, importantes acções tiveram lugar a nível nacional.

Dezenas de milhares de trabalhadores belgas, franceses, britânicos, espanhóis, italianos, alemães, gregos, romenos ou polacos, num total de 24 países representados, desfilaram pelas ruas da capital belga, condenando as políticas de austeridade e reclamando que seja dada prioridade ao emprego e ao crescimento.

O clamor dos protestos ecoou em diferentes países onde se realizaram greves e manifestações, num sinal claro de que o aprofundamento da crise do capitalismo conduz inevitavelmente a um agravamento da crise social.

Enquanto no nosso país decorriam manifestações no Porto e em Lisboa [que reuniram, respectivamente, 20.000 e 50.000 manifestantes], a vizinha Espanha era abalada por uma poderosa greve geral, à qual aderiram mais de dez milhões de trabalhadores, ou seja, um nível de adesão na ordem dos 74 por cento, segundo cálculos dos sindicatos.

A greve paralisou quase totalmente a indústria metalúrgica, designadamente o sector da construção automóvel, os portos, afectando ainda os transportes públicos, as escolas e a generalidade dos serviços da administração pública. Parte do comércio também encerrou em várias cidades.

O descontentamento transbordou para as ruas das principais cidades. Em Barcelona uma enorme manifestação juntou 400 mil pessoas. Mais de 50 mil integraram-se nos desfiles em Madrid e em Sevilha. Ao todo houve mais de uma centena de manifestações na Andaluzia (Granada, Córdova, Cádiz, Huelva e Málaga), Galiza (especialmente em Vigo) País Basco, bem como em Saragoça, Baleares e Valência.

A jornada de luta ficou ainda marcada por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, designadamente em Barcelona, onde logo pela manhã começaram autênticas batalhas campais. Uma viatura da polícia foi incendiada, enquanto as forças de intervenção foram recebidas com uma chuva de pedras, paus e garrafas pelos manifestantes que logo pela manhã se concentraram na Praça da Catalunha. O centro da segunda maior cidade de Espanha foi então ocupado por destacamentos antimotim.

Também na localidade de Getafe, próxima de Madrid, a polícia entrou em confronto com piquetes de greve que mantinham encerrada a fábrica da Airbus. Oito tiros foram disparados para o ar pelos agentes, nove grevistas ficaram feridos, mas nem assim os operários cederam as suas posições.

Episódio semelhante registou-se em Valladolid, junto à fábrica de pneus Michelin, onde cinco trabalhadores foram feridas numa investida policial.

No final do dia, o balanço das autoridades indicava que pelo menos 60 pessoas tinham sido detidas e 30 ficaram feridos nos incidentes ocorridos em várias cidades.

Ainda no âmbito da jornada europeia convocada pela Confederação Europeia de Sindicatos realizaram-se manifestações em Itália, França, Lituânia, Alemanha, Letónia, Chipre, Grécia, Sérvia, Polónia, Finlândia, República Checa, Roménia e Irlanda.

Em França, depois das recentes jornadas de 7 e 23 de Setembro, os trabalhadores franceses voltaram manifestar-se massivamente em todo o país contra a diminuição de direitos de aposentação e, apesar de já aprovada pelo parlamento francês, a contestação à reforma do regime de pensões voltou a mobilizar no passado sábado, 2/10, pela terceira vez consecutiva no espaço de um mês, cerca de três milhões de pessoas em todo o país.


(Fonte: "Avante!", de 7/10/2010)

1 comentário:

O Trigo e o Joio disse...

É interessante notar que nada do que aqui relatou foi notícia nos jornais portugueses. Como sempre, a imprensa portuguesa é instruida para abafar estes casos de protesto público, aflorando superficialmente algumas das manifestações. Editorialismo à portuguesa, instruído pela elite.

Coicidência ou talvez não, quando o Plano Marshall foi instituido foi feito por um prazo de 60 anos. Iniciou-se em 1946 e contas feitas terminou em 2006.
Será coincidência que o endividamento das nações se suceda, quer haja ou não guerra?

cumprimentos