Sabíamos que iria ser difícil - muito difícil - defrontar todo o arsenal eleitoralista desta "democracia" burguesa, inteiramente colocado ao serviço da reprodução do sistema dominante e da perpetuação da política de direita que vem demolindo, há já 35 anos, as transformações revolucionárias de Abril. Não há memória, em período eleitoral, de uma tão intensa e despudorada manipulação dos meios de comunicação de massas na mão do grande capital, como também nunca se assistiu a uma campanha eleitoral preenchida com tantas vacuidades e lugares comuns, sem a discussão de um único tema ou questão relevante para o futuro imediato dos portugueses. O circo eleitoral, começado a montar há várias semanas atrás, foi totalmente voltado para a ocultação da gravidade da situação a que foi sendo conduzido o país, pela mão dos partidos do capital, numa mascarada "democrática" política e éticamente abjecta, destinada a manipular as consciências, a adormecer o espírito crítico das massas populares, a induzir o conformismo e a errada sensação de impotência perante a realidade, tudo orientado pelo objectivo de persuadir as mentes de que nada havia de fundamental para escolher através do voto, restando somente aos eleitores a "escolha" de quem prosseguirá, no "novo" governo, a política de submissa e rastejante aplicação das decisões já tomadas pelas potências imperialistas que dirigem a UE.
Reflexo desse (induzido) desinteresse político e elemento importante de análise aos números eleitorais reside no aumento da massa de abstencionistas e no crescimento dos votos brancos, o primeiro expresso nos 41,1% da abstenção - mais 120.000 eleitores a recusarem votar - e, o segundo, nos 2,67% de votos brancos - subindo de 99.000, em 2009, para os 148.000 votos de agora.
Entretanto, um outro dado dos resultados ainda mais importante emerge, com toda a força da sua própria dimensão: neste passado domingo, mais de 440.000 portugueses tiveram a capacidade e a determinação de recusar todas as "inevitabilidades" e de afirmar vigorosamente, com o seu voto, que querem uma decidida viragem na vida nacional, que exigem e que lutam e lutarão por um outro caminho para o nosso país e para o nosso povo. São uma força imensa, pois não obstante constituírem a minoria do eleitorado português que votou, são a parte mais esclarecida e combativa dos eleitores, são todos aqueles que, de facto, levaram a luta até ao voto! E estes são os indispensáveis e insubstituíveis.
Terminado o intenso e militante esforço que foi realizado na campanha pelos milhares de camaradas e activistas da CDU, esforço no qual - não se tenha a mais pequena dúvida! -, reside por inteiro o êxito alcançado na mobilização para o voto consequente daqueles 440.000 eleitores, é chegado de novo e sempre o tempo de prosseguir a luta. Sabemos o que pelos banqueiros e outros grandes capitalistas está sendo tramado, contra os trabalhadores e o povo, contra a independência e dignidade do nosso país. Sabemos que as próximas rábulas sobre lideranças partidárias "renovadas" se destinam a prosseguir com a cenografia das "oposições" do baile mandado - ora agora "comes" tu, ora agora "avio-me" eu -, entre os partidos do "arco institucional", aqui se incluindo um metamorfoseado BE. Entretanto, a realidade está pelos que lutam, pelos que resistem e combatem, com coragem e determinação; o desenvolvimento dialéctico do real está com todos aqueles que estão determinados a combater o desgraçado estado actual deste regime esgotado, batendo-se pelo seu fim e substituição por um regime verdadeiramente livre e democrático, inteiramente ao serviço dos trabalhadores e das outras camadas sociais anti-monopolistas suas aliadas.
O real vai aproximar muitos dos votantes PS/PSD/CDS/BE daqueles que, eleitores da CDU ou abstencionistas, sempre lutaram e continuarão lutando contra estas políticas predatórias e destrutivas do país. Sem exclusão de um único daqueles centenas de milhar (milhões, mesmo) de operários, assalariados, intelectuais e quadros técnicos, pequenos empresários, de todos aqueles que, ludibriados pela actividade ideológica dos seus verdadeiros inimigos, votaram directamente contra os seus interesses e futuro, sem terem as ferramentas de análise que lhes permitiriam avaliar e recusar as funestas consequências de uma escolha errada e as suas próprias responsabilidades na avalanche negra que aí vem. Não direccionemos nunca a nossa luta contra esse eleitorado que vota erradamente, mas sim e sempre contra os seus (e nossos) algozes, contra o inimigo comum.
Prosseguir uma denúncia vigorosa dos inimigos de classe dos trabalhadores, esclarecer e agitar, unir e mobilizar para a acção, alargar e intensificar a luta, são as prioridades do momento, são as orientações na ordem do dia. Juntos, iremos à luta - que continua!
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1 comentário:
É esse o caminho: lutar, lutar sempre - procurando trazer à luta muitos dos que votaram em todos os outros partidos e muitos dos que se abstiveram.
Um abraço.
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