Segundo noticiava ontem o JN, acaba de anunciar a sua candidatura às autárquicas em Viseu, pelo Chega, um coronel reformado, 63 anos, da GNR. Quem pensa e escreve que o ascenso das actividades fascistas no nosso país se circunscreve ao papel menor de um egocêntrico e ambicioso ex-comentador de futebol, anda a dormir na forma... Ou talvez pior, quer adormecer-nos.
Como sempre, a complacência dos sociais-democratas ps's e psd's e de outros sectores da pequena burguesia de esquerda "distraídos" - anestesiados, adormecidos -, pode vir a ser fatal para a liberdade e a democracia dos portugueses.
Não se combate o ascenso dos fascistas "esquecendo" e não desmascarando quem lhes segura a trela e os atiça - hoje, como ontem -, os detentores do grande capital que, sempre que sentem ameaçados os seus pedestais, mandam às malvas os mecanismos "democráticos" de exploração e domínio sobre o Trabalho, tornados obsoletos pela agudização da luta de classes.
Alguns capitalistas já publicamente noticiados como seus apoiantes são só os mais descarados e arrivistas; dissimulados, na sombra, há muitos mais - e mais perigosos! - só esperando pelo desenvolvimento das contradições sociais hoje aceleradas pela pandemia para, quando o mais que esperado casório PS/PSD não conseguir aguentar-lhes o barco, com grandes rombos e a meter água, aparecerem à cabeça de um golpe de Estado que liquide de vez o actual regime constitucional. Os filhos e netos políticos de Salazar e Marcelo Caetano estão todos aí, é só olharmos com redobrada atenção, e um qualquer general ou almirante surgirá "à garupa do seu heroísmo".
Do nosso lado, parece que não o queremos "ver"... Mas todos quantos de nós têm idade para termos vivido parte das nossas vidas no fascismo, podemos ver com clareza no horizonte político nacional e internacional a séria ameaça que se avizinha e a aproximação da besta, desta vez engravatada e bem falante, a cavalo deste neoliberalismo disseminado pelos partidos que se revezam no poder, com as suas velhas e novas muletas de apoio, actuando nas estruturas de comunicação, nas corporações económicas e judiciais, no aparelho de Estado, nas forças de segurança. Urge darmos-lhes um decidido combate, mobilizando as novas gerações para a luta antifascista, parte integrante da luta mais geral, anticapitalista, razão de ser do movimento operário e popular. Tanto mais que o nosso tempo histórico não parece apostado em nos conceder vantagem.
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