SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Uma visita ao passado, a pensar no futuro

Para o fim-de-semana, vale a pena recordar o Zeca Afonso da luta, a luta daqueles tempos de intervenção e de unidade dos democratas consequentes e de todas as pessoas de bem, contra a tirania, contra o medo, contra a exploração, contra a hipocrisia, contra a corrupção. Éramos muitos e unidos na luta por um país novo, um país onde o povo fosse "quem mais ordena". E o 25 de Abril, no próprio acto de acontecer, honrou afinal tantas lutas corajosamente travadas.
Entretanto, tudo evoluiu e mudou, como sempre ocorre e sempre ocorrerá. Definiram-se os campos e as simpatias, escolheu-se partido e fez-se a festa da liberdade e das conquistas democráticas, durante um curto período de menos de dois anos mas prenhe de transformações e de avanços. Depois, vieram os golpes, as traições aos ideais de Abril, os longos anos - mais de três décadas - de uma permanente ofensiva contra-revolucionária, liderada pelos "socialistas" do "socialismo em liberdade", uma máscara laboriosamente fabricada para ocultar os seus verdadeiros propósitos de, traindo o povo, liquidarem a democracia conquistada pelos portugueses em 1974.
O resultado aí está, corroendo o presente e hipotecando o futuro, violentando grosseiramente o que resta da Constituição aprovada em 1976, só restando um regime apodrecido fingindo-se um arremedo tosco de "democracia" que, tal como nos anos do fascismo, existe para favorecer os banqueiros e os grandes grupos monopolistas - os velhos e outros novos - contra os direitos dos trabalhadores, contra as aspirações de um povo inteiro que exploram, corrompem, manipulam, humilham, conduzindo o país à exaustão e ao desastre.

Por tudo isso, aí fica a letra dos "Vampiros", do Zeca. Para recordar, mas não só; para reinventar e fazer de novo, mais forte e melhor, alargando de novo a unidade dos democratas sinceros, unindo e mobilizando para a luta as muitas centenas de milhares de trabalhadores revoltados com a actual barbárie de exploração e de liquidação dos seus direitos, unindo e mobilizando os milhões de portugueses que hoje já não se revêem nesta falsa "democracia" do capital.
Organizando e construindo a ruptura revolucionária, democrática e patriótica, o passo seguinte na nossa caminhada colectiva e imparável para o Socialismo.



Vampiros

No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas á chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas

São os mordomos
Do universo todo
Senhores á força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas

Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhe franqueia
As portas á chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada



Votos de um bom fim-de-semana, se for possível descansando - e preparando novas lutas.






3 comentários:

Jorge disse...

Muito bem, como sempre !!

Grande abraço.

Fernando Samuel disse...

Boa escolha: os vampiros de ontem são os vampiros de hoje - e vice-versa...

E quanto à luta: a greve de três dias dos enfermeiros teve uma ADESÃO de 90% - e a manifestação de ontem foi GRANDIOSA.

Um abraço grande.

Anónimo disse...

Vocês estão mesmo desesperados. Como o futuro está a fugir-lhes à frente dos pés agora refugiam-se num passado feito de poesia revolucionária. Quanto à política propriam~ente dita sugiro a leitura do "Renegado Kautsky" de Lenine. Talvez aí vejam a origem de todo este nefasto passado que já vem de longe, de 1956.