SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Saída da crise": Um monumental - e perigoso - embuste!

A realidade desmascara uma mentira planetária

Os mais recentes desenvolvimentos da crise estrutural do capitalismo são demasiado sintomáticos para serem ignorados, sobretudo quando são agora objecto de descaradas profissões de fé no sacrossanto poder dos mercados para se auto-regenerarem e saírem do pântano em que se atolaram, ou ainda - o que é bem pior - de  leituras ingénuas e bem intencionadas, provocadas pela crendice superficial nas "análises" das anteriores, perante a ausência de posições sérias e corajosas que permitam o seu vigoroso desmascaramento.
As últimas cimeiras dos G-20 e da "União" Europeia, com os seus fragorosos fracassos, deixam saudosos das suas edições de há dois ou três anos todos os propagandistas do sistema! O fiasco, desta vez, tornou-se inocultável. Isto significa a completa incapacidade dos poderes políticos burgueses de lidarem com a actual situação económico-financeira na generalidade do mundo capitalista. Os governos de turno ao serviço do grande capital transnacional vivem um arrastado período de total desorientação e completa falta de soluções para "gerirem" a crise aberta em 2007/8 e, consequentemente, conseguirem continuar a mascarar a sua profundidade e gravidade sistémica. As economias nacionais afundam na recessão, os índices de produção de riqueza recuam aos níveis de há três décadas atrás, os mercados internos definham fustigados pelas perdas brutais nos salários e rendimentos do trabalho, as bolsas prosseguem na sua marcha de quedas regulares "derretendo" verbas colossais, a concessão de crédito praticamente estancou, com os banqueiros a jugular a economia real e sugando às finanças públicas dos Estados verbas monstruosas que são "evaporadas" nos buracos negros criados pelo regabofe da especulação financeira das últimas duas décadas, os recursos dos países são pirateados pela força militar dos vários pólos imperialistas e os povos mergulham no período histórico mais negro desde a última Guerra Mundial, revelando crescentes semelhanças com a fase pós-Grande Depressão na década de trinta do século passado.
Este quadro "global" desmente impiedosamente todas as patranhas constantemente difundidas pelos aparelhos ideológicos do sistema, que pretendem manter os trabalhadores e os povos paralisados pela ilusão que a "crise" é temporária e que, após um período de "sacrifícios dolorosos" - que muitos já vão dizendo ser para vários anos... - , tudo há-de voltar á normalidade, com emprego, os salários actualizados, com o consumo confiante das famílias, o desenvolvimento económico e a prosperidade, garantidos os direitos e apoios sociais hoje retirados, etc, etc. Trata-se, pura e simplesmente, de um colossal embuste! Para esta crise estrutural do capitalismo, tudo o que podemos observar nos indica que não existe uma saída controlada, dirigida, pacífica e nos limites políticos dos regimes de democracia burguesa, assim como o capital nunca devolverá aquilo que agora rouba ao trabalho. O capitalismo, tal como o conhecemos durante a segunda metade do século XX e nos primeiros anos do actual, não mais retornará e já esgotou a margem de manobra que possuiu nesse período anterior. Tornou-se a si mesmo um sistema irreformável e incapaz de se regenerar numa perspectiva desenvolvimentista, mais ou menos social-democrata (como os reformistas almejam, cegamente), mais ou menos liberal (como querem fazer-nos acreditar os que escrevem os seus panegíricos). O carácter irracional e totalmente incontrolável da marcha criminosa do capitalismo, um e outra inerentes à sua lógica interna, com o aprofundamento da concentração e centralização de capitais e da sua galopante fusão com os Estados - com a elevação do Capitalismo Monopolista (e Terrorista) de Estado ao seu máximo cume histórico -, deixa os poderes políticos burgueses de mãos atadas e completamente incapazes de qualquer decisão vagamente "independente" e contrária aos objectivos dos centros de poder transnacionais do capital financeirizado - JP Morgan, Bank of America, HSBC, Royal Bank of Scotland, BPN Paribas, Santander, Citigroup, Barclays, UniCredit Group, Mitsubishi UFJ Financial, para só citar alguns dos maiores -  que, estes sim, são verdadeiramente quem comanda os seus governos de turno e os seus parlamentos/câmaras de eco às ordens.

Uma "solução final" está de novo em marcha

O recente fenómeno verificado nos países periféricos da "U." E., ao qual já chamaram descaradamente golpes de Estado, com a substituição imposta pela troika de governos eleitos e de base partidária, na Grécia e na Itália, por "novos" governos tecnocráticos dirigidos por banqueiros - no caso italiano, visivelmente homens de mão de um outro grande banco, o Goldman Sachs -, espelha bem a alteração política qualitativa em marcha. Sob a batuta da Alemanha e com a conivência subserviente (e suicida!) da França, a UE está transformada numa almofada e escudo germânicos - e, a prazo, em "carne para canhão" - usada por aquela para se opor à agressividade do eixo EUA/Inglaterra, no confronto inter-imperialista. Como consequência, fica evidente a perda acelerada da sustentação "democrática" dos poderes políticos da grande burguesia, configurando-se essas soluções nacionais como autênticas antecâmaras de regimes neofascistas, já a emergirem desta ingovernabilidade galopante que caracteriza hoje o sistema capitalista, com os seus partidos de classe completamente desacreditados.
De facto, perante a autêntica hecatombe social provocada em inúmeros países - que dentro de alguns meses nos parecerá uma brincadeira, face à dimensão da miséria e da devastação desumana dos povos e países inteiros trucidados - que outra solução terá o grande capital que não seja recorrer às suas soluções terroristas e genocidas já aplicadas no século passado? Flagelados pela repressão, pela fome, pela destruição de apoios sociais, pela miséria crescente, massas populares erguem-se hoje para a luta por todo o mundo, mobilizam-se e saem às ruas - na Grécia, em Portugal, Itália, Reino Unido, França, Alemanha, em vários dos EUA, na Argentina, Chile, Colômbia, México, Na Tunísia, no Egipto, Yémen, Barein, Israel, na Índia, na Coreia do Sul, Japão, Austrália, Nova Zelândia, etc -, arrostando com cargas policiais, prisões e assassinatos, enquanto as potências imperialistas invadem, destroiem e chacinam, com as suas embaixadas e serviços secretos ingerindo-se com sobranceria nas políticas internas dessas nações, ao mesmo tempo que intensificam e reforçam a ocupação imperialista em mais de seis dezenas de países submetidos,  com a instalação e alargamento aí de centenas de bases militares, preparando o terreno para conflitos estratégicos de dimensão planetária.
Sem margem para interrogações académicas, é o fascismo imperial que se planeia, prepara e já se organiza abertamente.
Analisando a crise actual em desenvolvimento, uma crise do próprio modo de produção capitalista, hoje pela conjugação explosiva de uma crise de sobre-produção com uma crise de procura, originada pela pauperização das massas e pela bancarrota dos Estados, assistimos assim a mudanças de carácter qualitativo do capitalismo que, com tonalidades diferenciadas, apontam o perigo real para os povos do surgimento de um novo período negro, com repressão das liberdades, a agudização dos conflitos inter-imperialistas e a instalação da barbárie social e civilizacional, com a emergência no horizonte e a curto/médio prazo de regimes políticos neofascistas "tout court", com a multiplicação das guerras de agressão e domínio sobre os povos.

Como sempre, "que fazer?"

A grande mentira da "saída da crise" é, simultâneamente, um monumental e perigoso embuste. Não existirá saída desta crise nos marcos do capitalismo e, em cada dia que passa, agrava-se a ofensiva de espoliação dos trabalhadores e dos países e vai crescendo a ameaça da instauração de novos regimes afirmadamente anti-democráticos, caminhando para a reconstituição de poderes claramente fascistas. E daqui decorrem as tarefas mais imediatas e mais urgentes para as forças revolucionárias no mundo inteiro, sem exclusão daquelas que intervêm em países ainda vivendo etapas de aparente "isolamento" da crise estrutural e que vão ansiando - erradamente - poderem passar incólumes pelo furacão que se está a formar, sem serem atingidos pelas suas forças destruidoras.
Os trabalhadores, os cidadãos, os povos, todos e cada um de nós, devemos desmentir e rejeitar frontalmente, com firmeza e veemência, essa mentira "global" da falsa saída da crise que diariamente nos pretendem impingir. Devemos expôr e revelar, nú e crú, o momento actual do sistema capitalista e as nefandas perspectivas que está engendrando, tal como os enormes perigos que encerra. Nenhuma hesitação, nenhuma contemporização, nenhumas posições e atitudes que possam contribuir para este processo mistificatório de "adormecimento" das consciências. Não podemos dar tréguas ao nosso inimigo, quando ele prepara o salto para nos liquidar.
O tempo, urge. Não podemos cair na armadilha de sermos os "grilos falantes" da nossa época, limitando-nos à análise e denúncia de cada etapa e cada passo no caminho do abismo, pois o plano inclinado em que resvalamos, a não ser invertido desde agora, a breve prazo já não nos permitirá espaço de manobra e então será demasiado tarde. Tal como também não é a atitude certa gritarmos "vem aí o lobo!", tantas vezes que deixaremos de ser escutados. Se não há solução para esta crise nos estritos limites do capitalismo que nos impõem, então temos que romper com essas amarras, estilhaçando as vendas mediáticas dessa mentira e afirmarmos as soluções novas e verdadeiras que só a construção de sociedades socialistas nos garantem. Ruptura é isso mesmo, precisamente! Um corte total, ideológico e político, com os viciados e esgotados modelos das "democracias" do capital e o apontar de um rumo novo, assente na democracia do povo e para o povo. Como dizia Lénine, quando no seu tempo fustigava os reformistas e os conciliadores de classes, devemos recusar realizar a "revolta de joelhos" e sim preparar e concretizar a revolução de pé, tendo por objectivo claro e mobilizador o socialismo.
As lutas dos trabalhadores, dos democratas e dos povos já não são somente o caminho para resistir à ofensiva ditatorial e terrorista do capital; tais lutas tornam-se hoje, por força do actual estádio do imperialismo, a via fundamental para travar esta marcha para o abismo e conquistar uma nova organização operária e popular dos Estados, ao serviço dos trabalhadores e de outras camadas sociais laboriosas suas aliadas. Nos nossos dias, concretamente em Portugal, as clivagens sociais e de classe do capitalismo extremaram-se a um ponto nunca anteriormente atingido. Objectivamente, de um lado estão os banqueiros e os monopólios, os grandes proprietários fundiários, com as suas cortes de lacaios e serventuários à ilharga; do outro lado - o nosso lado - estão a classe operária, todos os assalariados e explorados, a generalidade da intelectualidade, a maioria dos profissionais liberais, os magistrados, os estudantes, os reformados, os militares.
No próximo dia 24/11, o Movimento Operário e Sindical vai realizar uma nova Greve Geral que constitui nestes dias a tarefa central de todos os militantes revolucionários, chamados a organizar, mobilizar e garantir o seu pleno êxito. Trata-se de uma grande jornada política de massas, de contestação ao governo e à ingerência da troika imperialista, um passo muito importante na marcha do combate de classes que travamos. Mas a sua realização, sendo como esperamos  - e tudo nos indica que assim será - a maior G.G. realizada em muitos anos, tem de ter urgente sequência em iniciativas e acções unificadoras de todo o Movimento Popular, com a rápida criação de plataformas ou frentes de unidade revolucionárias, agregando todas as estruturas representativas das classes e camadas sociais objectivamente interessadas no derrube do governo dos banqueiros e na sua substituição por um novo poder dos trabalhadores, partilhado em aliança com as restantes estruturas populares organizadas.
É necessário e urgente multiplicar as iniciativas de aproximação e aliança entre todas as classes e camadas anti-monopolistas, em torno de um programa político transformador comum. A marcha do tempo e dos acontecimentos, um estado de verdadeira emergência nacional, instam-nos a responder à sua chamada, sem hesitações e sem delongas paralisantes. Não percamos nem um minuto, pois o que se decide é o nosso futuro comum durante as próximas décadas.
Agora, claramente, ou somos nós, a imensa maioria - os trabalhadores, os democratas, o povo - ou serão "eles", uma ínfima e criminal minoria - os banqueiros, a grande burguesia, os imperialistas e os seus cães de fila, os neofascistas. "Acordai!"

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