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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Grécia: “Quando os de baixo já não aceitam e os de cima já não podem”

Estoirou uma crise política estrutural na Grécia. O primeiro-ministro em funções, do PASOK, anunciou hoje a intenção de convocar um referendo para que os eleitores gregos decidam se o seu país aceita as brutais condições de submissão negociadas pelo seu governo com a governação bicéfala franco-germana da "U".E. Como se deixou escrito no anterior post, na origem destas contraditórias posições e das grandes dificuldades que criam à gestão europeia capitalista está, indiscutivelmente, a corajosa luta travada pelos camaradas comunistas gregos e a luta dos trabalhadores e massas populares organizados sob a direcção da PAME.
As repercussões desta decisão extrema do governo "socialista" atingem já a dimensão de um tsunami que varre toda a Europa e atinge já o outro lado do Atlântico. Reinam a estupefacção, a desorientação e o temor de uma crise generalizada que faça implodir o euro e esta "construção" europeia do grande capital que dá pelo mascarado nome de "União" Europeia. Multiplicam-se as declarações de chantagem sobre o povo grego, exigindo-lhe que se ajoelhe e cumpra todas as imposições económico-financeiras da Troika, qualquer que seja o resultado desse próximo referendo, isto é, mais uma vez a proclamada "democracia" do "mundo ocidental" é mandada às malvas pelos seus principais propagandistas e beneficiários. O Prémio Ignóbil Obama apressou-se a exigir medidas de contenção dos estragos aos seus parceiros, ao mesmo tempo que vai ganhando conjunturalmente pontos na competição inter-imperialista.
As bolsas capitalistas europeias e a norte-americana assistem ao princípio de um grande "crash" que decerto amanhã se estenderá às asiáticas, tornando imprevisível que cenário económico-financeiro agravado resultará desta nova manifestação da crise sistémica do capitalismo, em curso nestes últimos três anos.
Devemos acompanhar atentamente o desenvolvimento desta crise, seja quanto aos seus impactos e consequências em todos os países submetidos à ditadura Merkel/Sarkozy, seja muito especialmente quanto aos acontecimentos que se seguirão na própria Grécia. Actualmente o alvo central da violenta ofensiva espoliadora dos banqueiros e monopolistas, são de esperar novas peripécias no funcionamento do regime rotativo do poder político grego de turno ao serviço do grande capital. Como sempre - e à semelhança do que recentemente (e mais uma vez!) ocorreu em Portugal -, a parte bi-partidária hoje na "oposição" apressou-se a clamar por novas eleições, visando dar continuidade à fantochada eleitoreira dos partidos da burguesia e deste modo tentar salvar os interesses ameaçados desta, alvo principal das lutas operárias e agora com a sua posição dominante fragilizada pelo vigoroso ascenso das lutas populares de massas gregas.
Parece notória a existência de uma situação revolucionária em rápido amadurecimento na Grécia.O CC do PCGrego acaba de divulgar um apelo aos trabalhadores e ao povo gregos para uma nova e decisiva acção de massas em Atenas, já na próxima sexta-feira, em resposta ao brusco agudizar da crise política. Dessa nota, pela sua importância, transcreve-se o seguinte trecho: 

ABAIXO O GOVERNO E OS PARTIDOS DA PLUTOCRACIA!
AS PESSOAS PODEM IMPEDIR E ACABAR COM OS SACRIFÍCIOS SELVAGENS QUE SÃO IMPOSTOS, POR MEIO DE NOVOS ACORDOS E NOVOS MEMORANDOS  PARA ASSEGURAR OS LUCROS E A PROTECÇÃO DA UE E DA ZONA EURO.
O povo deve reforçar a luta de classe e lutas populares e utilizar as eleições para enfraquecer o PASOK-ND e outras partes da plutocracia e da UE. O KKE deve ser reforçada. Ao mesmo tempo, a organização das pessoas nos locais de trabalho e bairros deve prosseguir mais decisivamente. Este é o caminho para bloquear o pior que eles estão trazendo, como o nítido aprofundamento da crise na UE na zona do euro e das contradições inter-imperialistas.
Agora, o povo deve confiar na sua justa causa e nas suas forças para repelir o pior. Deve acabar com as ilusões, as chamadas ao consenso e à coesão social, as construções ideológicas, os falsos dilemas que são promovidos pelos partidos burgueses.

Uma solução em favor do povo só pode ser alcançada com o KKE e com uma forte organização do povo.
Uma Aliança Popular e a contra-ofensiva para o poder popular, a socialização dos monopólios, a retirada do país da UE e o cancelamento unilateral da dívida. (tradução livre)

Tal como outras insurreições e lutas insurreccionais que vão deflagrando por vários continentes, o futuro dos europeus será conquista dos trabalhadores e dos povos, através da sua unidade e pela luta, elevadas a novos patamares organizacionais e da acção revolucionária. Rapidamente, amadurecem as condições objectivas para tal. Após esta aguda crise grega e europeia, nada ficará como dantes. Hoje no olho do furacão da luta de classes na velha Europa, o povo grego é mobilizado para a luta pelos comunistas, que lhe devem apontar o caminho para o avanço revolucionário e para conquistar uma nova relação de forças que aponte ao futuro socialista da Grécia. Com tal posição, cumprem com honra o seu papel de vanguarda revolucionária.
Grande responsabilidade assumimos nós, democratas, patriotas, revolucionários nos restantes países da "U".E., também agredidos violentamente pelas governações troikanas. Na activa e internacionalista solidariedade com as forças progressistas e a luta do povo grego. Na correcta avaliação dos acontecimentos em curso, aprendendo e colhendos os ensinamentos que eles nos vão proporcionar.Ombreando com os camaradas gregos e de outros países europeus para isolar as manobras, chantagens e ameaças do directório franco-alemão, exigindo juntos o fim dos pactos anti-operários e anti-nacionais e um novo poder dos trabalhadores e dos povos que derrote e finalmente enterre este Capitalismo Monopolista (Terrorista) de Estado.

Solidariedade-Unidade-Luta, eis o nosso caminho comum.

1 comentário:

cid simoes disse...

A luta de classes no seu melhor.