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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Grécia: A luta de classes intensifica-se

Na Grécia, a luta dos trabalhadores prossegue sem desânimo, cresce e alarga-se a novos sectores sociais assalariados, numa combativa resposta à intensificação da exploração e à política subserviente do governo "socialista" às ordens da UE.
Do jornal "Avante!", na sua edição de hoje, transcreve-se a notícia sobre a actualidade da luta dos sindicatos de classe organizados na PAME, com a preparação de uma nova greve geral no país.
Dois dias de greve geral na Grécia - Um novo passo na luta

Na sequência de intensas e incessantes lutas sectoriais, a Frente Militante de Trabalhadores (PAME) convocou para hoje, dia 8, uma jornada de protesto e uma greve geral de 48 horas para os dias 21 e 22.

Na passada semana, dia 30, os trabalhadores municipais, ferroviários e advogados paralisaram na Grécia em protesto contra os cortes orçamentais determinados pelo plano de austeridade do governo.
Nos caminhos-de-ferros e nos municípios, os trabalhadores lutam contra a redução de salários e retirada de direitos na aposentação.
Por seu turno, o descontentamento começa a tocar igualmente camadas da pequena e média burguesia que se sentem tocadas pelas políticas governamentais. É o caso dos advogados que cumpriram uma greve de dois dias, opondo-se à tributação da sua actividade com o imposto sobre o valor acrescentado (IVA).
Na manhã do mesmo dia 30, sindicalistas da PAME ocuparam o edifício do Ministério do Trabalho em Atenas, em cuja fachada colocaram um estandarte gigante exigindo medidas de protecção para os desempregados.
Acções semelhantes em instalações de centros de emprego tiveram lugar noutras grandes cidades como Tessalónica e Vólos, realizando-se uma manifestação em Larissa.
A PAME e os comunistas gregos chamam a atenção para a escalada do desemprego que, de acordo com os números oficiais, já afecta 14,6 por cento da população activa. Todavia, tal como na generalidade dos países, os dados estatísticos estão muito aquém da realidade, já que consideram os desempregados inscritos. Os números reais do desemprego rondam os 20 por cento, segundo a central sindical PAME.
Também na semana passada, os proprietários de bombas de gasolina da ilha de Creta, a maior do país, encerraram os postos de venda, recusando-se aceitar a imposição de um preço máximo para os combustíveis.
Entre outras lutas que decorreram em Março na Grécia, destacam-se a jornada dos agricultores, dia 28, a greve dos médicos e enfermeiras nos hospitais públicos, dia 22, ou ainda o protesto dos motoristas de taxi, no dia 18.

País em ebulição

Face ao surto de protestos que atravessam os diferentes sectores da sociedade, atingidos pelas medidas de austeridade destinadas a pagar a crise criada pelo grande capital, a PAME realiza hoje, quinta-feira, 8, uma manifestação contra o aumento de impostos sobre os rendimentos do trabalho, e anunciou para os dias 20 e 21 uma greve geral de 48 horas.
Até lá os sindicatos são chamados a organizar a luta, realizando plenários de trabalhadores e constituindo comités de greve nos locais de trabalho. A PAME apela aos trabalhadores a que ignorem as direcções das centrais sindicais reformistas GSEE e ADEDY e unam forças em torno da única central combativa e consequente, a Frente Militante de Trabalhadores. Só assim a luta terá resultados.
Em resposta ao flagelo do desemprego que não pára de crescer, como consequência directa da destruição de inúmeras pequenas empresas varridas pela política de concentração capitalista ao serviço exclusivo dos bancos e grupos monopolistas associados, transcreve-se também uma informação divulgada pelo sítio do KKE, sobre as reivindicações do comité da PAME contra o desemprego, visando garantir os direitos elementares dos trabalhadores desempregados:

Os sindicatos do PAME reivindicam para os desempregados:

- Subsídio de desemprego igual a 80% do salário mínimo (1.400 €) para todo o período de desemprego
- Urgente ajuda económica de 1.000 € para todos os desempregados
- Imediato congelamento dos pagamentos dos empréstimos de desempregados
- Saúde e assistência farmacêutica, sem quaisquer condições e pré-requisitos
- Não deve ser interrompido o abastecimento da electricidade, da água e telefone
- O reconhecimento do período de desemprego como contando para a reforma
- Acção urgente de recrutamento de pessoal nas áreas da Saúde, da Previdência e do sector da Educação
- Imediata redução do horário de trabalho
- Imediato registo dos jovens que começam a trabalhar
- Emprego permanente e estável para todos

Esta iniciativa foi tomada em vista da próxima manifestação da PAME, em 8 de Abril, contra a nova dura tributação da classe trabalhadora e das outras camadas populares pobres pelo governo social-democrata do PASOK.
São reivindicações justas, perante os ataques do grande capital contra o direito ao trabalho e que trata os trabalhadores como descartáveis e sem direito às garantias sociais que são devidas a qualquer assalariado, como parte dos elementares direitos humanos a assegurar aos trabalhadores neste início da segunda década do século XXI.
São exigências próprias de organizações sindicais em sintonia com os trabalhadores que representam e com a época presente, de intensificação da luta de classes, na Europa e no mundo. Reivindicações de classe dos assalariados gregos que muito dignificam os seus sindicatos e a renhida e exemplar luta que estão a travar, merecedora do nosso atento acompanhamento e firme solidariedade.

5 comentários:

A CHISPA ! disse...

Caro Filipe
Não acha que o "Avante" quando transcreve a noticia sobre a actualidade da luta dos sindicatos de classe organizados na PAME e sobre as reivindicações que estes apresentam,que deveriam criticar as DIRECÇÕES dos sindicatos portugueses pela "passividade" com que têm confrontado as politicas propostas pelo governo no O.E.e no PEC,como mesmo a miserabilidade das reivindicações que apresentam quando comparadas com as reivindicações que são apresentadas na Grécia?

Não acha que se houvesse uma central sindical de CLASSE contra CLASSE, como a PAME em Portugal, que esta não fazia o mesmo apelo que a PAME faz em relação às GSEE e ADEDY, para que os trabalhadores ignorem as DIRECÇÕES SINDICAIS da CGTP e da UGT,e se mobiliza-sem em torno dela de forma combativa?

Concordando com a sua opinão quando se refere à mobilização e combatividade existente nas lutas na Grécia,quando diz "só assim a luta terá resultados";Não acha que as Direcções do PCP e do BE,como as direcções da CGTP e da UGT, quando criticam a profundidade das medidas anti-sociais e de austeridade contidas no O.E. e no PEC de desestabilizadoras,porque tendem a agravar os conflitos sociais e a luta do proletariado contra a burguesia e o capitalismo,que estão a pugnar pela estabilidade do sistema capitalista e a defender ainda que de forma incapotada os interesses da burguesia capitalista?


Quanto à sua resposta ao meu comentário,sobre a não assinatura do PCP do "Documento Conjunto dos PCs da UE,contra os PECs,quero-lhe dizer que as suas "justificações" é que não "COLAM".
A Direcção do PCP,não assinou este "DOCUMENTO",porque ele defende posições politicas anti-capitalistas radicais (como se assiste na Grécia que elogia e defende) e mobiliza o proletariado contra o capitalismo e para a sua emancipação,enquanto as intervenções que o PCP fez no parlamento europeu e nacional,não passam de intervenções de critica à profundidade das medidas impostas e à forma como o governo e os restantes partidos do capital,pretendem gerir a crise e o próprio sistema capitalista,argumentando que esta politica pode provocar "instabilidade social" e colocar a democracia em causa, ou seja a DITADURA do CAPITAL.É essa e não outra, a diferença e a razão da sua não subescrição.Se assim não fosse, não havia divergência que impedi-se a assinatura do "DOCUMENTO CONJUNTO".

Para bem da luta COMUNISTA, só espero que o Filipe corrija essas suas inconsequências e seja como sugeriu há relativamente pouco tempo quando evocou Lênine,sobre a frontalidade que todos os COMUNISTAS devem de ter perante o oportunismo e os oportunistas.

Um abraço para si Filipe

"achispavermelha.blogspot.com"

José Luz

Anónimo disse...

Como disse Lenine, e foi repetido com insistência pelos dirigentes revolucionários que lhe sucederam, o revisionismo é socialismo nas palavras e oportunismo nos actos.
Não há volta a dar-lhe...

Nelson Ricardo disse...

O que vale ao povo grego é ter um KKE sem medo ou hesitações de levar a cabo os interesses da classe trabalhadora grega.

filipe disse...

José Luz:

Tal como anunciado desde o início deste blog, este espaço de comentários é destinado a dialogar com todos os que o lêem e entendam ser útil fazê-lo. Entretanto, não vejo interesse para os leitores repetirmos opiniões já trocadas sobre um mesmo assunto. É o caso da sua insistência em discutir o valor do texto e dos subscritores do documento conjunto dos PC'S da EU, questão à qual já lhe respondi, em comentário anterior (em 23/3). Depois, tão irrestritamente crítico do PCP, você insiste em avaliar aqueles partidos como os defensores de "posições políticas anti-capitalistas radicais", avaliação que - infelizmente, devo dizer - não corresponde a uma análise objectiva das trajectórias desses partidos. Penso que deveremos ficar por aqui.
Mas francamente, onde se revela mais evidente no seu comentário o contágio da clássica "doença infantil" é no "embrulho" que volta a tentar fazer entre as posições do PCP e do BE, e, entre a CGTP e a UGT. Isto é, volta a amalgamar as posições de um partido operário combativo, firme e coerente, com as diatribes de uma mini-organização social-democrata, artificialmente mantida pelos média do sistema; e, na mesma linha esquerdista, pretende misturar as posições de uma central sindical de classe, criada pelos trabalhadores portugueses, (em 1970), e os comportamentos provocatórios de uma central amarela criada pelo capital, (em 1978), e apadrinhada em acto público pela tríade da contra-revolução em marcha na época - Mário Soares, Sá Carneiro, Freitas do Amaral. Nestes termos, parece-me que não é possível mantermos um diálogo sério.
Como já há tempo lhe deixei dito, discutindo as posições do PCP e em resposta a outro seu comentário, "os comunistas portugueses, tal como todos os humanos, cometem erros. O seu partido, o PCP, não está imune à crítica e está aberto a ela. Mas à crítica séria, fraterna, leninista. Com respeito absoluto pelos factos e uma rigorosa observância da objectividade na análise". Por razões semelhantes, também a CGTP, que não está isenta de erros (tácticos e estratégicos),deve ser sempre avaliada numa base objectiva e de classe, com os trabalhadores que representa exigindo dela que os organize, defenda e mobilize com coragem e com firmeza, na luta contra o capital.
Sem observarmos estas condições, a discussão é substituída por um conjunto de frases feitas - do tipo das do "anónimo" que aí acima veio secundar o seu comentário - e o debate perde todo o sentido e utilidade. E nós ambos, acredito, temos mais que fazer.
Saudações.



Nelson Ricardo:

Eis aí uma razão central para continuarmos a afirmar o nosso apreço e a nossa inteira solidariedade com a luta dos comunistas e trabalhadores gregos.
Forte abraço.

Anónimo disse...

Não sabia que uma citação de Lenine era uma frase feita.

O esclarecimento está dado e há que o considerar com devido respeito. Estamos sempre a aprender com aqueles que sabem muito...