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terça-feira, 4 de maio de 2010

Um poema/canção para todos os tempos e lugares



Uma das letras musicadas que mais contribuíram para a demolição do edifício ideológico do fascismo português nos seus tempos finais, com poema de António Gedeão e música de José Nisa, salvo erro editada em 1972 e cantada pelo Samuel. A "velha guarda" dos militantes revolucionários portugueses, ou dizendo mais actualizadamente, os "cotas" sabem decerto de cor os seus versos, mas talvez os camaradas e os nossos amigos mais novos não a conheçam. Poema poderoso, exigindo a quem o escuta/lê uma adesão comprometida e vigorosa, é um hino dedicado à determinação de um povo em busca do seu futuro, hino dedicado a todos aqueles que não se conformam nem se resignam e lutam corajosamente pela transformação deste presente (ainda!) dominante, tão retrógrado e tão execrável quanto urgente e decisivo é o combate pela sua superação. Sinceramente, espero que todos gostem, (re)encontrando nele estímulo e redobradas energias revolucionárias para a luta que vai continuar, sempre!

Fala do homem nascido

Com licença! Com licença!
Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe,
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo
não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte,
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza,
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.
Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

António Gedeão


Pela sua oportunidade e importante conteúdo político, sugiro a leitura da nota da Comissão Política do Comité Central do PCP, hoje divulgada no sítio do Partido, em http://www.pcp.pt/derrotar-uma-nova-e-perigosa-ofensiva-contra-os-trabalhadores-e-soberania-nacional .
Como diz a canção acima, devemos todos dizer, "Com licença! Com licença!/ que a vida é água a correr./ Venho do fundo do tempo/ não tenho tempo a perder." De facto, assim é.

1 comentário:

Nelson Ricardo disse...

Muito bom o poema e a versão musical deve ser bem empolgante. É urgente que esta cultura não se perca por entre o lixo musical que grassa nos meios de comunicação.

Um Abraço.