A verdadeira autoridade colectiva (de um organismo ou organização) ou individual (de um militante) resulta fundamentalmente do acerto das decisões, do trabalho positivo, da expressão concreta do respeito pelos outros, da busca das opiniões e da contribuição do colectivo, da consciência de que o organismo ou o camarada considerado individualmente têm capacidade para decidir com acerto fundamentalmente porque têm em conta a contribuição do colectivo.
Há quem compreenda a autoridade de um organismo de direcção ou de um dirigente como o seu poder de decisão, ao qual corresponde para os militantes das organizações respectivas a obrigação de cumprir. O poder de decisão é sinónimo de competência. Mas a competência para decidir não significa necessariamente autoridade.
A autoridade no nosso Partido consiste numa concepção, numa prática e numa realidade extraordinariamente mais ricas e mais profundas do que o poder de decisão.
Sem dúvida que aos organismos e aos dirigentes cabe decidir na esfera das suas competências. Sem dúvida que as decisões tomadas são para cumprir. Mas esta realidade respeita mais às competências e à disciplina do que à real autoridade.
O facto de um organismo ou um dirigente tomar uma decisão e essa decisão ser cumprida não significa só por si autoridade.
Quando uma decisão é tomada, o trabalho directivo não consiste em proclamar a decisão e exigir o seu cumprimento em nome da autoridade.
Só em circunstâncias verdadeiramente excepcionais é legítimo invocar o argumento da autoridade em vez da explicação e do convencimento.
Quando sistemática, a invocação do argumento da autoridade impede o debate construtivo, priva o Partido da contribuição dos militantes, entrava a reflexão e tende a fomentar a falsa ideia de que o mais responsável tem sempre razão.
No seu desenvolvimento, tais tendências criam condições para situações de irresponsabilidade e, no extremo limite, preconceitos de infalibilidade. Não reforçam antes enfraquecem a autoridade.
São sintomas, não da força e consistência da autoridade mas da sua fraqueza, a insistência em que essa autoridade existe, a valorização repetida dos méritos dos organismos de direcção e dos dirigentes, os balanços defeituosos da actividade, apresentando os êxitos e ocultando deficiências e erros.
É uma falsa autoridade, que não resiste ao sopro de democracia interna, a autoridade imposta como regra hierárquica, como seguidismo inconsciente, como disciplina de carácter administrativo. São de combater e de banir, onde quer que apareçam, quaisquer manifestações de abuso da autoridade, de imposição da vontade, de despotismo individual, de sufocação da voz dos militantes, da falta de respeito pelos camaradas das organizações que o organismo dirige.
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