SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Partido com Paredes de Vidro - Releituras (X)


Estamos certos de que muitos dos que de fora e de longe tomam, como sendo a imagem do Partido, a imagem deformada que a propaganda anticomunista inventa e espalha, passarão a ver o Partido com outros olhos na medida em que o conheçam melhor.
Ao anticomunismo interessa esconder como é de facto o PCP e inocular na opinião pública uma imagem mentirosa e caluniosa, de forma a criar reservas, discordâncias, suspeitas, censuras, condenações, não por aquilo que o PCP é mas por aquilo que o anticomunismo diz ser. O anticomunismo chega ao ponto de indicar o que deveria o PCP fazer e como deveria ser para adquirir uma «nova imagem».
Daqui se deduz que, quando alguns dizem que, para vencer certas reservas e suspeições, o Partido deveria «mudar a imagem», o que querem dizer afinal não é que o Partido deveria mudar de imagem mas que deveria tornar-se um partido tal como o anticomunismo gostaria que fosse.
Que, em vez do partido revolucionário que é, partido e vanguarda da classe operária e de todos os trabalhadores, partido lutador coerente e infatigável pelos interesses do povo, pela liberdade, pela independência nacional e pelo socialismo, partido patriótico e internacionalista, se tornasse um partido inofensivo para a burguesia e a reacção. Um partido que perdesse a sua natureza de classe e abandonasse a sua política de classe. Que amoldasse a sua política aos critérios da burguesia e não aos critérios do proletariado. Que aceitasse a imobilidade das estruturas socioeconómicas capitalistas. Que quebrasse os seus laços de amizade com o movimento comunista internacional. Que enveredasse pelo anti-sovietismo e por atitudes divisionistas do movimento comunista. Que limitasse a sua acção à concorrência a eleições realizadas segundo os ditames da burguesia e à acção parlamentar de alguns deputados conformados com a rotina da sua própria acção. Que se tornasse um partido com um programa e uma actividade social-democratizantes. Que desistisse dos seus objectivos do socialismo e do comunismo.
Em resumo: um partido assimilado pela sociedade burguesa, a sua ideologia e a sua amoralidade. Toda esta campanha e pressão abala por vezes as convicções de gente bem-intencionada. Aconselhando embora explicitamente apenas uma «mudança de linguagem» e de «estilo» para criar uma «imagem nova», sugerem de facto mudanças de fundo, muitas das quais são velharias desenterradas das velhas lixeiras do movimento operário.
O PCP não é nem será tal como o anticomunismo e o oportunismo quereriam, mas tal como os seus militantes e toda a sua história determinaram que fosse. E só na base do que o Partido é se pode formar a sua verdadeira imagem.

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