SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O agravamento da crise e a resposta revolucionária

Pouco mais de mês e meio decorrido neste ano de 2009, são já visíveis desenvolvimentos da crise que explodiu nos finais de 2008.
Por parte das estruturas dirigentes do capitalismo, após os fiascos de Davos e do G-7, os meios de manipulação social globais prometem às "opiniões públicas" que a solução pode agora estar no G-20, mas tais promessas visam únicamente empatar e dar mais tempo - mais tempo alarga a capacidade de manobra -, tempo que não corre a favor do sistema, sendo já hoje evidente que nova reunião dos vinte mais ricos nada vai adiantar, pois as dinâmicas económico-financeiras desencadeadas pela crise já estão para além das possibilidades de controle e correcção.
Na sua fase inicial, acreditaram que bastaria o esbulho dos recursos dos estados, entregues de bandeja aos bancos, a pretexto da necessidade de "injectar liquidez" no sistema; a seguir, jogaram em novas entregas de bilhões a grandes conglomerados económicos, a par de novas benesses fiscais; depois, "nacionalizações" de bancos e de "lixos tóxicos" financeiros; actualmente, programas de parceria estados-monopólios, com a entrega de mais bilhões, a par de planos neokeynesianos de investimentos públicos, destinando-lhes verbas irrisórias perante a dimensão do descalabro que atinge as economias reais.
Os dados que vão sendo revelados apontam para a passagem de um quadro de estagnação para o de uma regressão em fase de aceleração. As quebras na produção industrial atingem os dois dígitos, nos meses de Dezembro e Janeiro; as estimativas para os PIB dos BRICS caem todas as semanas; EUA, UE, Japão, antes as economias "tractoras", dão agora mostras de estarem crescentemente incapacitadas de sairem do buraco.
No plano social, o desemprego cresceu nestes dois últimos meses mais de três milhões de desempregados, com a insuspeita OIT a anunciar que no decurso deste ano tal aumento pode atingir os 50 milhões de novos desempregados. A drenagem de fundos para os bolsos dos banqueiros coloca em risco a solvibilidade dos estados mais pobres, com a paragem dos investimentos públicos e o perigo de quebra nos compromissos sociais, designadamente no pagamento das pensões e subsidios da segurança social. A miséria e a indigência generalizadas são cada dia mais visíveis no horizonte dos povos.
Que conclusões e decisões devem ser extraídas deste novo quadro, simultâneamente marcado pela incapacidade congénita do capitalismo em ultrapassar a sua própria crise estrutural, e, pelo brusco agravamento da situação social e política, com clara indicação que se vai aprofundar e generalizar rapidamente ao conjunto das condições de vida - melhor, de sobrevivência -atingindo centenas de milhões de seres humanos?
Uma primeira lição a extrair dos acontecimentos mais recentes é que as condições mudam a grande velocidade, estando a ultrapassar a capacidade de resposta e contra-ofensiva dos partidos comunistas e operários e dos movimentos operários nacionais. Isto é, medidas políticas propostas/reivindicadas no início da crise, avançadas sob a perspectiva do seu lento desenvolvimento, correm o sério risco de ficarem desactualizadas e ultrapassadas pela velocidade a que estão a mudar as condições objectivas que lhes serviam de suporte. Uma segunda constatação possível é que a vida está velozmente a confirmar que, no desenvolvimento da crise, não existe nem haverá solução para os problemas dos trabalhadores e dos povos, atingidos por ela brutalmente, nos marcos do capitalismo.
Destas duas avaliações da realidade - repito, em mutação acelerada e com efeitos cada dia que passe mais devastadores - penso que aos marxistas-leninistas cabe radicalizar as suas propostas de solução, ao mesmo tempo que chamem ao primeiro plano a afirmação que o caminho dos trabalhadores e dos povos espoliados é o socialismo, é a ruptura revolucionária com o sistema de democracia burguesa e a passagem à construção de uma nova forma de governação política democrática e patriótica, sob a direcção dos trabalhadores em aliança com outras classes produtivas, que tenha por objectivo a construção da sociedade socialista.
O esgotamento do capitalismo está em marcha, com uma rapidez histórica que devemos reconhecer ser para todos nós impensável, há pouco tempo atrás. Mas é nosso dever antecipar os acontecimentos e colocarmo-nos na frente, apontando as verdadeiras soluções e desmascarando as manobras de falsas soluções que os governos do capital vão apresentando, com o único intento de ganharem tempo. Do lado do inimigo, não há soluções e é visível a sua crescente dificuldade de governar nos parâmetros usados até há pouco; do lado dos explorados, cabe-nos avançar com as propostas e consignas que gradual e crescentemente ganhem para a acção transformadora e revolucionária os segmentos mais avançados dos povos, as massas operárias e assalariadas, a intelectualidade e outras camadas sociais exploradas.
Pelos movimentos operários e sindicais de classe, devemos colocar imediatamente reivindicações claramente políticas, sob pena de retrocedermos e não avançando os passos possíveis e necessários. Nem um cêntimo dos nossos impostos e dos dinheiros públicos para os banqueiros; naconalização dos bancos, seguradoras e empresas estratégicas, desde logo as que já foram públicas; investimentos imediatos do Estado, ao serviço exclusivo do desenvolvimento e da melhoria dos serviços públicos; aumento geral extraordinário dos salários e das reformas mais baixas; firme recusa dos despedimentos e encerramentos das empresas, se possível recorrendo à sua ocupação; imediata revogação e anulação de toda a legislação laboral anti-operária promulgada; apoios financeiros e fiscais às micro e pequenas empresas, em risco de desaparecimento; manifestações, marchas e vigílias permanentes junto das sedes do poder do Estado. Enfim, descobrirmos até onde devemos estar em condições de avançar, e fazê-lo. Não permitamos que se semeiem ilusões no nosso campo: a caminhada para diante vai ser mais dura e exigente, e a melhor escolha é iniciarmos o caminho que é o nosso.
Aos comunistas e seus partidos revolucionários, a par do decidido apoio a estas exigências sindicais, caberá afirmar vigorosamente que a única e real solução para os gravíssimos problemas que a crise do capitalismo está a originar é a decidida viragem para o socialismo, apontando o que isto significa e apelando corajosamente à intervenção e à luta pela sua conquista. Ao nível da nossa actuação subjectiva, devemos considerar que a luta pelo socialismo entrou definitivamente na ordem do dia, tendo perdido as suas características utópicas e ganho o estatuto do possível, indispensável e urgente caminho para os explorados, nesta época portadora das condições para uma real mudança e apontando a um futuro esperançoso para os povos de todo o mundo. De uma justa linha de orientação face ao agravamento desta crise, depende afinal o êxito na luta pela transformação, no imediato, da correlação de forças préexistente à agudização da crise, num sentido favorável às classes e camadas exploradas.
Rejeitemos atitudes espectantes, "distraídas", pragmáticas, "possibilistas", pois isso conduzir-nos-ia inevitavelmente à posição de retaguarda e à derrota. Afinal, a nós cabe-nos cumprir o nosso intransmissível dever de revolucionários.

2 comentários:

Rui Caetano disse...

Tem toda a razão.

Mário Pinto disse...

Filipe,

Ainda que algo atrasado, bem-vindo à blogosfera, é cada mais necessário denunciar.
De acordo com a tua opinião, penso contudo que, a estagflação será uma realidade, o capitalismo está moribundo mas, enquanto se permitirem atentados aos direitos dos trabalhadores, carregando no seu custo a redução de margens, será dificil que tal aconteça, vai demorar algo mais que o que gostariamos mas, quando esses 50.000.000 se considerarem irrisórios, justamente por haver esgotado a tolerancia que o povo, coagido pela necessidade de manutenção, apresenta à usurpação capitalista, quando não houver forma de gerar mais-valia, mudaremos realmente de paradigma, não reformando mas através da revolução.
Assim, cabe efectivamente, como sempre e como não poderia deixar de ser, às forças revolucionárias, ao Marxismo-Leninismo, alertar, promover a insurreição, elevar o patamar de intransigência das massas.

A revolução é hoje!


P.D.- Gostariamos de te enviar informação, para facilitar-nos o teu correio, por favor, escreve para: cheirarevolucao@gmail.com