SÓ NÃO SE ENGANA QUEM CEDE AO MEDO DE CAMINHAR NO DESCONHECIDO - SÓ SE PERDE AQUELE QUE NÃO ESTÁ SEGURO DO RUMO QUE ESCOLHEU.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Partido com Paredes de Vidro - Releituras (IX)


A disciplina partidária nada tem a ver com a disciplina militar.
O militar obedece ao comando. Não intervém nas decisões, nem conhece as suas motivações e os seus objectivos.
No Partido, o militante tem (ou deve ter) plena consciência das razões e dos objectivos de cada decisão, intervém na definição das grandes linhas de orientação, intervém em numerosos casos nas relativas ao trabalho que executa.
O militante do Partido actua de acordo com decisões que têm a avalizá-las o exame e a opinião de colectivos em que o próprio militante se insere.
Assim, são completamente estranhos ao funcionamento do Partido métodos militaristas de direcção e concepções militaristas da disciplina.
Fogem aos mais elementares princípios orgânicos do Partido camaradas que «comandam» e«dão ordens» em vez de esclarecer, orientar e dirigir, e que entendem que o dever dos «inferiores» é cumprir as ordens «superiores» (as suas ordens) de forma mecânica, cegamente, mesmo sem saber o porquê e o para quê.
No Partido ser disciplinado não é «obedecer às ordens superiores » sob pena de imediato e grave castigo. Não é cumprir sem vontade própria o que os outros determinam. A disciplina no Partido não é uma qualquer obrigação que se impõe ao indivíduo, que o pressiona, o obriga e o força.
A disciplina só pode ser sentida como constrangimento do indivíduo e da personalidade, como aceitação passiva, contrafeita e cega de «ordens superiores», se num partido ou numa organização do Partido preponderam o dirigismo, o autoritarismo, critérios militaristas de direcção, decisões administrativas e burocráticas. Em tais casos, a disciplina contém em si os germes da fermentação e cristalização de discordâncias e reservas e portanto também de formas de resistência passiva e de súbitas e inesperadas explosões de indisciplina.
No nosso Partido a situação é diferente. Existindo embora diferenças entre os militantes, a disciplina assenta na própria consciência e na própria vontade.
A elevada consciência de disciplina no Partido é uma resultante de três factores fundamentais: a identificação dos militantes com a orientação do Partido, a democracia interna e a compreensão do valor da unidade do Partido.
A identificação dos militantes com a orientação do Partido permite-lhes no essencial compreender as razões e os objectivos de cada iniciativa, de cada decisão e de cada tarefa.
A democracia interna toma possível que cada militante sinta que a orientação, as decisões e as tarefas são também suas.
A compreensão do valor da unidade do Partido estimula nos militantes a vontade de actuarem, tal como os seus companheiros, inseridos na acção colectiva do Partido.
Quando a acção disciplinada do militante não se fundamenta nestes três factores fundamentais — se, por exemplo, um militante realiza uma tarefa que não compreende ou com a qual não está de acordo, ou se as decisões são tomadas de forma menos democrática —, a acção disciplinada não deixa de ser positiva, mas sofre inevitavelmente de certas limitações.
Quanto mais o militante se sente identificado com a orientação do Partido, quanto mais são assegurados os métodos democráticos do trabalho, quanto mais sólida é a unidade do Partido, mais profunda, fácil, natural e espontânea se torna a disciplina.

1 comentário:

Anónimo disse...

imparato molto